Vivemos hoje em um mundo apelidado de “VUCA” (volátil, incerto, complexo e ambíguo). Nesse mundo, cada vez mais nos vemos diante de desafios e dilemas que nos são inéditos. Porém, talvez motivados pelo medo de conviver com o desconhecido, pela ilusão do controle/previsibilidade ou por algum outro motivo, temos tentado lidar com esses desafios usando abordagens que aprendemos e costumamos usar para desafios mais simples ou até mesmo complicados, mas que fazem parte do universo do mecânico ou previsível. Mas, se os desafios e dilemas agora são inéditos, precisamos ter a coragem de lidar com eles como eles realmente são. E existem abordagens criadas e desenhadas especificamente para eles: A grande questão aqui é usar a abordagem mais apropriada dependendo do tipo de desafio que nos aparece. Acontece que, nas últimas décadas, aprendemos, estudamos e implementamos abordagens incríveis para lidar com os desafios complicados e temos tentado replicá-las para os mais complexos. Todos nós já passamos por uma situação onde tentamos tratar uma pessoa ou relação com uma coisa ou processo: quando as coisas acontecem de forma diferente da nossa expectativa, acreditamos que a pessoa tenha um problema ou um “gap”. A partir disso, tentamos descobrir a causa raiz, estudar os desvios e, então, partir para um plano de ação detalhado para corrigir e estabilizar tal pessoa dentro dos indicadores de resultado que definimos. Parece estranho? Pare para refletir um pouco sobre os processos de gestão de pessoas ou como você tem se preparado para lidar com uma pessoa da equipe que está com baixo desempenho. Por isso, se fosse possível resumir esse quadro em um simples convite, talvez seria: Diante de um desafio complexo, transforme julgamento em curiosidade! Se os desafios que envolvem os sistemas vivos, as relações e a liderança são sempre inéditos, talvez tenhamos que lembrar de […]
No último século, as organizações evoluíram muito na busca pela eficiência conectando uma série de conhecimentos, tecnologias e sistemas. Foi excelente! Agora, temos a necessidade e obrigação, ou melhor, a oportunidade de darmos um novo salto evolutivo para lidar com os desafios complexos e planetários que se apresentam. Precisamos evoluir da eficiência para a potência! A eficiência nos trouxe um aprendizado extremo e profundo do mundo das máquinas e da tecnologia. Olhando para a metade cheia do copo, desfrutamos hoje da oportunidade de acessar uma série de benefícios antes inacessíveis ou inexistentes. Porém, essa acessibilidade ainda continua restrita a uma pequena parcela da humanidade e tem custado muito caro ao colocar em risco a vida de todo o planeta. Para lidarmos com os desafios complexos que impactam diretamente a vida de toda a humanidade, praticamente precisamos de superpoderes: capacidades e habilidades completamente fora do normal que, aliadas a tecnologia e a eficiência, produzirão uma evolução exponencial. Mas, quais superpoderes são esses? De quais habilidades e capacidades fora do comum precisamos agora? Como podemos nos planejar para mapear, selecionar, separar, desenvolver e colocar essas aptidões ao nosso dispor e garantir resultados? Aí é que está a questão! Essas perguntas e esse mindset de solução foram aprendidos com a eficiência. Mas, quando falamos de potência e superpoderes, a lógica é completamente diferente. E, poderia até mesmo dizer, felizmente, mais simples. Acredito que não precisamos nos preocupar em definir ou criar a potência, mas sim em como desvelá-la, descobri-la e tirá-la do esconderijo onde a colocamos. Para isso, precisamos criar ambientes, contextos e situações que favoreçam a liberação dela, já existente e disponível, nos sendo dada gratuitamente. Agora, permita-me contar uma fábula… Uma criança nasce e, com pouco tempo de vida, percebe que algumas coisas simplesmente a arrebatam: da mesma forma que roubam […]
“Fico triste ao constatar que, nos últimos anos, desde que a incerteza se tornou nossa companhia constante, as estratégias de liderança deram um grande salto para trás, voltando ao território conhecido do comando e controle. Em parte, isso era esperado, já que os seres humanos fogem para o que conhecem quando confrontados com o desconhecido. Mas, em parte, fiquei surpresa, pois não sabia que somos tão estúpidos. Eu achava que tínhamos aprendido alguma coisa depois de tantos experimentos relacionados a inovação, qualidade e motivação humana. Por que não aprendemos que, sempre que tentamos controlar pessoas e situações, elas se tornam ainda mais incontroláveis?” (Margaret J. Wheatley — Liderança Para Tempos de Incerteza) Há alguns anos, recebi de presente da Adriana Tieppo, grande amiga e mentora, uma provocação incrível sobre a ilusão do controle, principalmente quando falamos da complexidade em sistemas vivos, pessoas, etc. Ela compartilhou um trecho do filme Instinto (1998), em que o personagem de Anthony Hopkins, antropólogo sob custódia do governo americano, trava um intenso, profundo e agressivo diálogo com o personagem de Cuba Gooding Jr., psiquiatra responsável por seu caso. O psiquiatra quer que o antropólogo fale sobre sua filha, sendo que ele educadamente se recusa. Porém, ao tentar persuadi-lo e obrigá-lo a fazer isso, o personagem de Gooding Jr. joga com o fato de ter o controle sobre sua liberdade, a liberação do uso de remédios e de seu futuro. Com isso, o personagem de Hopkins questiona: “Então, você está no controle?”. Assim que o psiquiatra responde “Sim”, o antropólogo o agarra, o imobiliza e coloca uma fita em sua boca. Em seguida, pergunta: “Quem está no controle agora?”. Sufocando-o, propõe um teste de vida ou morte em que o personagem de Gooding Jr. terá apenas três chances para acertar a resposta das perguntas do personagem de Hopkins. […]
“A maior parte da humanidade não trabalha. Serve ao trabalho de outros como instrumento.” (Vilém Fusser) “Não se torne um escravo de sua existência. Dê à sua existência uma vida, então você terá uma existência mais saudável. “ (Manis Friedman) Essa semana começou com o Dia do Trabalho. E, mais uma vez, estamos acordando na segunda-feira de manhã com a agenda cheia de coisas para fazer. Muito trabalho! Passaremos, pelo menos, os próximos cinco dias quase que completamente dedicados, focados, interessados, estressados, revoltados, realizados ou perdidos com uma série de desafios e questões complexas que já apareceram e ainda vão aparecer. Trabalhamos muito! Dedicamos grande parte de nossa existência a essa atividade. E eu me faço a pergunta óbvia: se dedico grande parte da minha existência ao trabalho, essa dedicação tem contribuído para eu ter uma vida que valha a pena? Tenho certeza que, como eu, você se faz essa pergunta de tempos em tempos. E, posso supor também, que, como eu, você não acha muito saudável ficar pensando muito sobre ela… Mas, eu gostaria de compartilhar duas ideias que surgiram quando li e ouvi duas pessoas que me ajudaram a lidar melhor com essa indagação. Espero que elas possam fazer sentido para você. “A maior parte da humanidade não trabalha” Fiquei extremamente incomodado e inquieto quando me deparei com o artigo “Para Além das Máquinas” , de Vilém Fusser. Justamente porque a provocação que ele fazia cabia perfeitamente com a situação em que eu vivia há alguns anos. A sensação de que eu trabalhava muito, mas ao mesmo tempo não havia um trabalho realmente interessante, que valia a pena, sendo feito por mim. Na perspectiva dele, para dizer que eu realmente estava realizando um trabalho significativo, era necessário misturar ou olhar como interconectados três aspectos do trabalho: como o mundo é, […]
Em uma cena de um seriado americano, um personagem mostra para amigos a nova versão de seu currículo, um vídeo mostrando o quanto ele é inovador, corajoso, ousado, determinado e flexível. Ao final da demonstração um dos amigos o questiona,…
O título é uma pergunta que traz uma resposta que parece óbvia. Mas, se olharmos atentamente para nossas ações e desejos, nem tanto. Por muito tempo temos sido influenciados e alimentados por um desejo de igualar os seres vivos, os…
Neste artigo, quero compartilhar um exemplo prático de um líder que, quem sabe como você, não acredita mais nos modelos tradicionais de gestão de desempenho e feedback e, apesar de não ter autonomia para mudar o processo atual, conseguiu fazer…
Por que precisamos encontrar logo quem vai resolver a crise e acabar com esse clima de incertezas? Porque somos brasileiros. Sim, o desejo ansioso que temos de acabar com esse clima de incertezas em relação ao futuro e encontrar uma…
Durante o último mês, me deparei com duas experiências que me proporcionaram excelentes insights sobre inovação em gestão e liderança consciente, principalmente em relação a algumas características essenciais que diferenciam os humanos das máquinas e muitas vezes são ignoradas por…
O que existe de original e único na organização que você trabalha? Seria possível refletir e destacar pelo menos um aspecto original que faça toda a diferença para o sucesso da organização e que ao mesmo tempo tenha tudo a…