Fabio Betti, Autor em Corall Consultoria - Página 4 de 7
Fabio Betti

Fabio Betti

Chega de caçar cabeças!

É natural que ainda usemos várias palavras e expressões criadas durante a revolução industrial. Foram séculos construindo toda uma linguagem que apoiasse a transformação da sociedade baseada no trabalho do artesão e na economia baseada na pequena escala para uma sociedade organizada em torno das máquinas, dos processos e da produção e distribuição exponencial de bens de consumo. E, como tudo o que é vivo, evoluímos. Pode até parecer, no recorte do momento, que estamos voltando algumas casinhas como espécie, mas, quando fazemos uma análise menos pontual, observamos tremendas mudanças na forma como pensamos e agimos, especialmente desde a década de 90, quando a Internet começou a tomar conta do mundo como a principal plataforma de comunicação, gestão do conhecimento e, principalmente, transações comerciais de toda a natureza. Nessa nova sociedade já apelidada de sociedade do conhecimento, contratar mão de obra surge como algo um tanto quanto deslocado. O que toda empresa precisa e deseja é atrair almas, corações e mentes, o que faz de alguém que se autodenomina “headhunter” ou recrutador uma espécie de personagem de filme de ficção científica, só que do passado. Se não quiser abrir mão do inglês, use “talent attractor”, mas, por favor, pare de caçar cabeças! Convite a uma nova linguagem e a um novo operar Em grandes movimentos de transição, por mais acelerados que sejam, durante um bom tempo se convive com o velho e o novo, ambos causando certa estranheza, posto que o velho já não mais faz sentido e o novo ainda está por fazer. Esse espaço de intersecção é, ao mesmo tempo, espaço de angústia e de esperança. Você percebe que o que aprendeu e praticou durante tantos anos já não funciona mais, sente que novas possibilidades estão a caminho, mas tudo ainda é meio incerto. Ou quase tudo. Já […]

Comunicação 3.0 na prática

Saudades da época em que as áreas de Comunicação Organizacional tinham que se preocupar em o que fazer para que a informação chegasse a todos os públicos de interesse da empresa. Esse desafio se torna minúsculo frente ao aumento de complexidade dos dias de hoje, com a impossibilidade total de controlar o que se publica sobre a organização. Saudades também das intermináveis discussões sobre onde a área de Comunicação ficaria melhor alocada. No RH, no Marketing ou uma área própria ligada diretamente ao presidente? Agora a discussão é sobre reinvenção, uma vez que o dinheiro minguou, as estruturas se tornaram mínimas, mas a pressão por um papel estratégico segue firme. Sem dinheiro e sem gente, não tem jeito, só reinventando mesmo. Pessoas possuem multitalentos e não se encaixam mais numa única caixinha. Você pode encarar uma crise como um decreto de morte — e algumas de fato o são. Ou como uma informação clara, pulsante, gritante do contexto indicando que o caminho até então percorrido já não está mais funcionando. E não é só com a Comunicação. Na pesquisa Carreira dos Sonhos 2016, realizada pela Companhia de Talentos com aproximadamente 70 mil -pessoas, entre jovens — média gerência e alta liderança — descobriu-se que o principal ponto comum entre os 3 públicos é que, se o dinheiro não fosse uma preocupação, mais de 70% fariam alguma coisa diferente na vida, ou seja, não continuariam trabalhando onde atualmente trabalham. Quem disse que não dá para ser contador e cozinheiro? Ou executivo numa empresa e empreendedor em outro negócio totalmente diferente? Todos nós possuímos multas habilidades diferentes e, com o fim do emprego para sempre, não precisamos mais — nem queremos — esperar pela aposentadoria para colocá-las em prática. E se há uma habilidade transversal em qualquer sistema vivo, certamente é a comunicação. Mesmo que “Silvios Santos” sejam raros, todo o mundo […]

Sergio Giacomo, o maestro de uma orquestra chamada comunicação

Na primeira entrevista que a LVBA Comunicação e a Corall Consultoria realizam com líderes de comunicação, Sergio Giacomo, head de comunicação e relações institucionais para América Latina da centenária GE, recebeu Gisele Lorenzetti e Fábio Betti na sede regional da empresa em São Paulo. Em uma conversa de meia hora, entre vôos e reuniões, Sergio falou sobre a bússola que sempre guiou sua carreira, a tarefa da área de comunicação em buscar o fio condutor das histórias a serem contadas sobre os negócios da companhia e o papel de maestro que o líder dessa área deve ter em um mundo onde todos são comunicadores. FB — Você teve uma carreira com passagens marcantes por Burson Marsteller, Edelman, Shell, Vale e, mais recentemente, a GE. Se você fizesse uma reflexão sobre o que fez a diferença nesses 30 anos para você estar onde está, para ter uma carreira com passagens interessantes em empresas bacanas, o que foi mais importante? SG — Eu sempre me vejo com uma bússola à moda antiga na mão, porque o GPS moderno é muito preciso. Com GPS você vai quase no milímetro e eu não gosto disso. Sempre imaginei que na vida eu tenho que ter uma bússola que me indica o norte, mas não o caminho. Caminhando dessa forma, eu posso aproveitar as oportunidades que vão surgindo. Porque se ficar muito focado — tenho que fazer isso, tenho que entrar na segunda à esquerda e depois à direita, etc. — você acaba não percebendo as coisas que estão à sua volta. Então, desde antes de eu começar a cursar comunicação, eu sabia que queria uma carreira onde eu pudesse trabalhar no meio internacional, que eu pudesse trabalhar em países diferentes, usando as línguas que eu já sabia falar e de uma forma que eu me sentisse bem, para me desenvolver. A escolha da […]

VUCA: Guia rápido para sobreviver ao vuco-vuco do mundo VUCA

O que é VUCA* é um acrônimo que significa Volatility (volatilidade), Uncertainty (Incerteza), Complexity (complexidade) e Ambiguity (Ambiguidade). O termo vem dos militares que, já na década de 90, percebiam que o que estava acontecendo no mundo era muito menos previsível e, portanto, controlável do que no passado. A regra não é, porém, de uso exclusivo militar. Muito pelo contrário, doa a quem doer, o mundo VUCA é para todos. O que fazer E lutar contra ele não parece ser a melhor estratégia. Aliás, não existe nada menos eficaz para lidar com o mundo VUCA do que os planos estratégicos que muitas empresas ainda insistem em fazer. Não, não estou louco. Quem está é quem acredita que dá para planejar os resultados que uma empresa pode atingir em 5 anos. Já é loucura suficiente fazer o planejamento de um ano. Tanto é que muitas empresas estabelecem suas metas no início do ano e as vão ajustando ao longo praticamente mês a mês. Ou levam mais da metade do ano tentando entender o cenário e, quando finalmente se decidem, o ano já passou. Por isso as empresas estão se reinventando. E a cultura de suas organizações são um dos principais desafios para inovar,como relata meu sócio Vicente Gomes neste artigo: “A maneira como as coisas são feitas hoje e as premissas tácitas a partir das quais os processos são executados, como por exemplo, a necessidade de compliance e controle que uma grande empresa tem. Uma delas teve que buscar fora do Brasil novos processos para contratar uma startup que era três vezes mais eficiente que seu fornecedor global: o novo parceiro não tinha 3 anos de balanço e fôlego de esperar 120 dias para receber suas faturas que o processo de compras de então necessitavam. Felizmente a matriz já havia desenvolvido novos parâmetros para […]

“Todas as boas ideias têm um grande elemento de loucura” | Entrevista com Antônio Bastos CEO da Omega Energia

“É preciso trazer um propósito que estimule as pessoas, faça seus olhos brilharem e conecte suas mentes com os projetos propostos” Em quase uma hora de entrevista ao blog da Corall concedida em seu escritório, em São Paulo, ao sócio da consultoria, Fábio Betti, o administrador de formação e coração, Antônio Bastos, CEO da Omega Energia, se apresentou como um empreendedor em série. De fato, o executivo atuou em diferentes setores, tais como mídia e internet. Hoje, se concentra na produção de energia limpa no Brasil. Durante a conversa, Bastos ofereceu sua visão sobre modelos de gestão, além de destacar a importância de estimular PMEs no fomento da economia nacional. “O brasileiro tem a virtude de empreender, se arriscar e ser criativo. Se essa energia empreendedora for canalizada para o lugar certo e trabalhada de forma construtiva, podemos transformar o país”. Confira os principais trechos da entrevista. Entre outras conquistas, você ajudou na concepção e fundação de novas empresas de diferentes setores, como tecnologia e energia. Imagino que o empreendedorismo seja bem antigo na sua história… A.B. Sim. E hoje tento manter a mesma pegada empreendedora dentro da Omega. Isso vem desde a infância? Você era uma criança inventiva? A.B. Há alguns empresários em minha família e sempre me conectei com o tema. Essa consciência se consolida ao longo da vida e verdadeiramente sinto que empreender é minha vocação, ajuda a explicar minha razão de ser. Nunca me vi fazendo algo diferente. Antes da Omega, o que você fez que destacaria como algo marcante? A.B. Comecei na Cotia Trading. Apesar do desejo de empreender estar presente desde aquela época, considerava que precisava desenvolver muito minhas aptidões comerciais, e aquela organização era um lugar ótimo para aprender a vender, comprar, negociar, estruturar transações. Na época, a companhia era a maior trading […]

Procuram-se artistas. Cuida-se bem.

Muitas coisas me chamam a atenção na Califórnia, estado onde meu irmão vive há mais de 15 anos e que visito regularmente. Mas foi só quando já estava de novo em solo brasileiro que acabei descobrindo que, se fosse um país, a Califórnia seria a sexta maior economia do mundo, com um PIB de US$ 2,5 trilhões em 2015, bem superior ao Brasil, que fechou o mesmo ano com pouco menos de U$ 1,8 trilhões. Sede de quatro das dez maiores empresas do mundo, a Califórnia é o mais diverso estado norte-americano, possuindo mais hispânicos do que anglo-saxões, além de um considerável contingente de africanos e asiáticos. Nenhum grupo, no entanto, alcança a maioria absoluta, o que se traduz em uma enorme diversidade étnica e cultural, condição sine qua non para a inovação. E sabe o que mais tem na Califórnia? Artistas. E não falo apenas dos astros de Hollywood ou de Harry Perry, lendário guitarrista patinador de Venice Beach. São artistas no conceito mais amplo do termo. Arte vem do latim ars, que pode ser traduzido por técnica, capacidade de fazer alguma coisa. E a prática histórica da arte mostrou que a coisa mais importante que um artista é capaz de produzir é o encantamento, palavra que, a despeito de ter se originado para denominar o ato de lançar um feitiço contra alguém, acabou se popularizando com o sentido de maravilhar, seduzir. Artistas nos deixam maravilhados por sua capacidade de nos tocar de uma maneira que vai muito além do cognitivo. Quem nunca foi arrebatado por uma música sem fazer a menor ideia do que a letra significava? Ou se viu hipnotizado por uma pintura abstrata? Em um popular vídeo da Apple (não por acaso uma empresa nascida na Califórnia), Einstein, Martin Luther King, Bob Dylan, John Lennon, Muhammad […]

Ninguém transforma nada sozinho! | Entrevista com Silvano Andrade, Diretor Presidente da MRN — Mineração Rio do Norte

“Nada pode ser feito sozinho. ‘Um’ é um número muito pequeno para mudar uma organização. É preciso aprender a criar o sonho e inspirar as pessoas. São as pessoas que fazem as transformações.” Silvano Andrade, Diretor Presidente da MRN (Mineração Rio do Norte), vem liderando um processo para implementar mudanças na companhia com foco em três metas: melhorar o sistema de gestão, produção e custo. Nesta entrevista a Fábio Betti para o blog da Corall, ele reflete sobre quais são os fatores que influenciam na construção de uma carreira de sucesso e o que é preciso para conseguir realizar transformações profundas em organizações. “Meu pai, que foi uma grande inspiração para mim, me falou quando me formei: Espero que tenha a sorte de ter bons chefes. Quanto melhor forem seus chefes, maiores as chances de desenvolvimento profissional. Quanto mais limitados eles forem, mais vai esbarrar no desenvolvimento de sua carreira. E cuide das pessoas ao seu entorno, pois elas que te farão crescer. Essa é uma receita muito boa.”, aconselha. Compartilhamos os principais trechos da entrevista. Quando surgiu a ideia de trabalhar em uma mineradora? S.A.: Desde pequeno, tinha o desejo de ser geólogo. Era fascinado com a história evolutiva da crosta terrestre, a formação das rochas e minerais, das montanhas e dos grandes cataclismos naturais que transformaram o mundo ao longo das eras. Entender a formação do mundo me fascinava. No segundo grau, me dei conta que gostava muito de ciências exatas, como matemática e física. E a união de geologia com ciências exatas gera a engenharia de minas (risos). Resolvi seguir a profissão. Evidentemente, depois de cursar essa especialidade da engenharia, tive a oportunidade de trabalhar em uma empresa de mineração, abracei a área, seguindo toda minha carreira no setor. Esta é a quarta empresa que você dirige. […]

Você já plantou o seu jardim hoje?

Fui dar um curso de comunicação para líderes de uma empresa que acabara de ter seu presidente brasileiro substituído por um da matriz europeia. O clima era de apreensão. Será que o novo executivo iria dar continuidade à gestão mais humanizada praticada por seu antecessor? Ou a sua tônica seria a de obter resultado a qualquer custo? Cada pergunta que surgia me causava a sensação de que a energia do grupo ia se esvaindo, como uma chama que se apaga lentamente. No lugar das perguntas, vieram as reclamações e, com isso, experimentava a sensação de que eu estava frente a frente com um bando de garotos e garotas ressentidos com um pai ou uma mãe que os havia abandonado e não com líderes que tomavam decisões complexas todos os dias. Como retirá-los desse transe? Cheguei a pensar em dar-lhes uma bronca, mas diante da suspeita de que agiam como crianças, essa tática tinha uma boa chance de torná-los ainda mais infantis. Aí me lembrei de uma história que ouvi certa vez do presidente de outra organização e resolvi recontá-la ao grupo. Reunido com seu time de gerentes, o tal presidente recordava a época em que era chefe de setor de geotecnia em uma empresa de mineração. O mais jovem entre seus pares, confessa que não esperava receber o convite para assumir a responsabilidade pela gerência geral da mina, na medida em que lhe faltava não só idade como também experiência na função, opinião compartilhada por outros colegas. “Cheguei a questionar o diretor sobre minha nomeação, mas diante da confiança que ele demonstrava em mim, não titubeei e aceitei o desafio”, disse ele. Assim que assumiu a nova posição, o diretor que o havia convidado saiu de férias. E qual foi a primeira medida que ele tomou? “Na frente do prédio […]
unriyo