Ney Silva, Autor em Corall Consultoria - Página 2 de 3
Ney Silva

Ney Silva

“Mudança Dura”: porque algumas vezes mudar é tão difícil?

Imagine a cena: 31 de dezembro, momento em que muitos fazem planos, assumem compromissos consigo mesmo, muitas vezes os mesmos compromissos que foram assumidos naquele mesmo instante em anos anteriores, mas que não foram realizados. Parar de fumar, perder alguns quilos, ser mais paciente com determinada pessoa ou situação, etc. Ou no ambiente de trabalho, quando nós (ou outros) somos (são) convidados a realizar uma mudança comportamental que faz todo sentido, que vai ajudar a nós mesmos e aos que estão ao nosso redor e ainda assim fracassamos nos nossos planos, apesar de estarmos resolutos sobre a mudança proposta. Mudar algumas vezes pode ser bem difícil. Para os que não estão nos nossos sapatos, pode parecer que é falta de força de vontade, determinação, planejamento, foco e execução. Sim, às vezes, pode ser isto mesmo. Mas o tipo de mudança que gostaria de explorar com vocês neste artigo é aquele, em que, apesar de toda nossa convicção, resolução e determinação, é muito mais difícil de levar adiante. Vou apelidá-la aqui de “Mudança Dura”. Meu ponto é que podem existir várias dimensões envolvidas neste tipo de “Mudança Dura”, dimensões com forças potentes que funcionam como verdadeiros freios para a direção que escolhemos. Estas forças, nas distintas dimensões, podem atuar de forma somada e integrada para frear nossos objetivos. Às vezes, uma dimensão é mais preponderante e uma atuação efetiva em suas forças consegue liberar o movimento para transformação tão almejada. Outras vezes, precisamos de um esforço coordenado para que o trabalho seja realizado nas distintas dimensões. Mas afinal, que dimensões são estas? Acredito que analisar um caso concreto tornará mais claro o que estamos falando. Vamos exemplificar então com uma situação corriqueira: perder peso. Imagine o caso de alguém que realmente quer muito emagrecer, mas que não tem alcançado suas metas. […]

A Solução está no Conflito

Há algumas semanas, conversando com o presidente de uma empresa sobre caminhos para a evolução da cultura organizacional, ele usou uma expressão que me deixou num primeiro momento bastante impactado: “A Solução está no Conflito”. Como um consultor que procura criar condições para a colaboração e o diálogo deveria ouvir esta frase? Felizmente, tive a oportunidade de aprofundar seu ponto de vista e consegui traduzir para palavras mais usuais para mim e constatei que a essência do que ele trazia tinha muito valor: a solução está em criar um ambiente onde as pessoas se sentem à vontade para trazer suas perspectivas, ainda que conflitantes. Refletindo um pouco mais, cheguei à conclusão, que a verdadeira colaboração no atual contexto em que operam as empresas, só se dará de fato se as pessoas souberem lidar com conflitos, cada vez mais presentes. Com o imperativo de se “fazer cada vez mais com menos” é inevitável que as áreas, de P&D a serviços pós-venda, precisem compartilhar recursos, trabalhando com pessoas que possuem agendas e prioridades diferentes e muitas vezes concorrentes entre si. Multinacionais também vivem o dilema similar para priorizar e alocar recursos nas suas distintas geografias. De fato, por trás do conflito reside uma tensão potencialmente criativa, de onde podem emergir soluções melhores do que as antevistas pelas partes, com grande valor para o todo. Mas para que isto aconteça é necessário saber como se trabalhar com as perspectivas semelhantes e diferentes entre os envolvidos. A palavra “perspectiva” é muito importante no gerenciamento de conflitos. A grande maioria das pessoas não se dá conta que tratam suas “perspectivas” como “verdades”. Esquecem-se que construíram suas “verdades” a partir de suas experiências pessoais, que são intrinsicamente limitadas. Há uma fábula de origem indiana que conta como 7 cegos que não conheciam o animal elefante o […]

4 Pilares para a Transformação

Poucos dias atrás eu estava dando uma palestra a um grupo de 50 pessoas de uma empresa parceira que está passando por um grande processo de transformação. O gestor responsável pela área havia me pedido para fazer um “aquecimento” com este público, trazendo conceitos que usaremos ao longo da jornada que iniciamos para que os participantes pudessem entender os fundamentos, os pilares que usaremos neste movimento. Já havia falado muitas vezes e para públicos bem diversos sobre o modelo que usamos na Corall como base para os projetos de transformação em que trabalhamos, mas naquele momento algo internamente me disse que seria importante falar e fazer paralelos com transformações no campo pessoal e das relações a dois ou de pequenos grupos, mesmo que eu não tivesse em mente ainda como faria as correlações. Mas este “chamado interno” foi tão claro que eu me aventurei a falar com esta lente sobre o tema, mesmo sem saber direito como seriam as comparações. Encaro a transformação como um chamado da Vida para a evolução. Estamos num ponto inicial onde há uma tensão, um anseio de mudar para um novo estado escolhido e desejado. E um aspecto importante deste olhar é que deve existir uma intenção genuína para a mudança, e para iniciar esta jornada é importante ter consciência que nós também precisaremos mudar. Com frequência pessoas esperam que para uma relação ou situação melhorar o outro deve mudar, deve fazer coisas de uma forma diferente, mas não há a disposição interna para também olhar para si e checar como contribuímos para que o estado atual se preserve. Um de meus sócios na Corall, num dia de grande engarrafamento em São Paulo, teve um insight muito significativo: “Eu sou o trânsito! ” Sim! Ele e todos nós, ao decidirmos pegar nossos carros para nos […]

“Gente feliz trabalha melhor” | Entrevista com Andréa Rolim — General Manager Brazil da Yum! Brands

“Não se faz transformação na base de pressão e ameaças, e sim por engajamento. Mas, infelizmente, o mundo corporativo tem bem menos desse pensamento do que deveria ter.” Se os processos de trainee têm um exemplo bem-sucedido, o de Andréa Rolim é inquestionável. Formada em Economia e com muitas dúvidas sobre qual caminho profissional trilharia, encontrou na Unilever o local ideal para iniciar sua bem-sucedida trajetória executiva. Depois de duas décadas em diferentes áreas na companhia, destacando-se seu trabalho com marketing, encontrou no Grupo Pão de Açúcar a transição que precisava para assumir um cargo que tocasse todas as áreas de negócio em uma companhia. Com essa expertise, há quatro anos se tornou General Manager da operação brasileira da Yum!, empresa detentora das icônicas Pizza Hut, KFC e Taco Bell. Entrevistada para o Blog da Corall pelo sócio da consultoria, Ney Silva, Andréa ofereceu preciosos insights sobre modelos de franquia, opinou sobre como a presença feminina pode ser mais acentuada em cargos de alta liderança e revelou divertidos detalhes sobre o trabalho em uma indústria tão emblemática quanto a de restaurantes. Confira os principais trechos da entrevista. Comece falando um pouco e de sua trajetória e o que te levou a sua posição atual. A.R. Sou economista de formação. E, durante a faculdade, não sabia especificamente o que queria fazer. Trabalhei no Instituto de Economia do Setor Público durante os quatro anos de universidade e tinha dúvidas se seguiria uma carreira no setor privado ou se iria para uma área mais acadêmica. Não vim de uma família abastada, então precisava trabalhar e ser capaz de arcar com minhas contas, já que morava em São Paulo sozinha. Meus pais moram em Jundiaí. Uma amiga que cursava economia na USP me deu a ficha de inscrição do programa de trainees da Unilever e […]

Seu trabalho existirá daqui a 10 anos?

As atividades profissionais que você desempenha hoje existirão daqui a 10 anos ou 15 anos? Serão realizadas da mesma forma que são feitas hoje? Para grande parte dos profissionais, a resposta dessa pergunta é “Não”! E não me refiro aqui simplesmente a profissionais de atividades industriais que serão substituídos pela automação, por meio de robôs. Muitas profissões especializadas, que requerem muito estudo, passarão por mudanças profundas nas próximas décadas. Muitas delas praticamente desaparecerão ou ficarão restritas a um número muito menor de pessoas. O iPhone, primeiro smartphone do mercado, não existia ainda há 10 anos. Foi lançado em 2007. Tudo o que fazemos hoje através de aplicativos em nossos smartphones, como compras online, traduções imediatas, e mobilidade urbana, para citar alguns poucos serviços, simplesmente não estava disponível há menos de uma década. Quantas posições no mercado foram criadas e outras deixaram de existir por causa dos novos fluxos sociais e econômicos a partir desta inovação? E esta notícia é ruim? Para o conjunto da população, a notícia é muito boa pois passarão a ser oferecidos melhores serviços e produtos a preços mais competitivos. Obviamente, para quem hoje desempenha estas atividades que serão transformadas ou simplesmente deixarão de existir, a vida não ficará fácil, pelo menos por um período de adaptação. Estas pessoas serão convidadas pela Vida a se reinventar, a abandonar o que faziam, do jeito que faziam e a procurar novos caminhos. E, como sabemos, este processo para quem o vive não é fácil. Há poucas semanas, vivi uma situação que me deixou bem reflexivo e com uma grande dose de empatia. Recebi de um taxista amigo, que foi um grande parceiro no período em que minhas crianças eram menores, uma mensagem via WhatsApp que anunciava corridas com 20% de desconto. Certamente, depois da chegada do Uber, a vida […]

Para transformar, é preciso que a mudança venha de dentro pra fora | Entrevista com Ubiratan Sá — Presidente da ARLANXEO no Canadá (de Fevereiro de 2013 a Dezembro de 2016)

Ubiratan Sá, presidente da ARLANXEO no Canadá (de Fevereiro de 2013 a Dezembro de 2016), líder no setor de borrachas sintéticas, foi entrevistado por Ney Silva, sócio da Corall Consultoria, por videoconferência. De Sarnia, pequena cidade canadense, Sá analisou com profundidade a indústria química e petroquímica, traçou um paralelo dos choques culturais de se trabalhar em diferentes regiões, como Estados Unidos, Colômbia e Argentina, e debateu sustentabilidade e inovação, além de detalhar a criação da ARLANXEO, joint venture entre a alemã Lanxess e a saudita Saudi Aramco. “Para transformar, é preciso que a mudança venha de dentro pra fora. Por maior que seja o nível de estímulo externo, só é possível sair da zona de conforto quando algo interno pede uma mudança” Confira os principais trechos da entrevista. Fale um pouco de sua trajetória, desde a universidade de Engenharia Química na Universidade Federal da Bahia, até o momento como presidente da ARLANXEO Canadá. U.S. Decidi cedo me tornar engenheiro químico e essa deliberação foi acertada, apesar de ter sido feita aos 16 anos. Desde a universidade senti o chamado pela vida executiva. Obviamente, quando se é adolescente, não se sabe exatamente os passos necessários para atingir determinados objetivos. Mas, para mim, pensar em trabalhar com pessoas sempre foi atraente. Estagiei na Dow Chemical, na Bahia, e, em seguida, recebi o convite para trabalhar no headquarter da empresa em São Paulo. Na época, não conhecia a cidade e não entendia exatamente o trabalho que desenvolveria, mas achei um desafio interessante e o aceitei. Essa talvez foi minha primeira experiência de vivência em uma cultura diferente, mesmo dentro do Brasil. As culturas tanto de trabalho quanto de vida entre Salvador e São Paulo são bem distintas. Acredito que a única coisa que une baianos e paulistanos é o Carnaval (risos). O começo […]

Da Escassez à Abundância

Você acha que o mundo está melhorando ou piorando? Ao assistir noticiários na mídia, somos levados a pensar que o Brasil e o planeta estão cada vez mais inseguros, violentos e com problemas cada vez maiores, os quais, para os mais fatalistas, poderão levar a situações de crise intensa ou mesmo colapso total. Estamos indo da escassez à abundância? De fato, quando olhamos para algumas “comunidades” no grande planeta Terra, somos levados a reconhecer que alguns problemas podem aumentar em determinados ciclos. É inegável que em relação à situação política, econômica e social do Brasil, vivemos um momento delicado e de grande transformação. Eu faço parte do grupo dos otimistas, que buscam abundância, daqueles que procuram ver o copo meio cheio e identificar os aspectos positivos que estão emergindo mesmo no caos. Vejo as crises como um chamado para um novo cenário que quer emergir, trazendo possibilidades para a construção de um futuro melhor, sem escassez. Recentemente vi um vídeo (TED com Peter Diamandis, chairman da Singularity University) que me tocou profundamente por seu otimismo relacionado ao que pode acontecer no mundo graças ao impacto da tecnologia em nossas vidas. Mas, antes de me aprofundar nisso, é importante colocar dois pontos em perspectiva. Meios de comunicação O primeiro se refere ao fato de sermos continuamente bombardeados pela mídia com assuntos negativos. Claramente, os meios de comunicação tendem a veicular aquilo que tem mais apelo aos seus consumidores e é inegável que estes tópicos exercem atração em grande parte da população. Uma teoria da neurociência indica que um dos principais fatores que despertam nosso interesse para temas “preocupantes” reside na amígdala, pequeno órgão localizado em nosso lóbulo temporal. Uma das principais funções da amígdala é detectar perigo. Graças ao seu funcionamento, nossos longínquos ancestrais puderam sobreviver a muitas adversidades. De todas […]

O poder da vulnerabilidade

O que lhe vem à mente quando você pensa na palavra “vulnerabilidade”? Possivelmente surgem situações associadas à fragilidade, à fraqueza ou a algo que deveria ser fortemente evitado, não é mesmo? Pensamos que não devemos nos colocar em situações vulneráveis e associamos tal estado a emoções que queremos evitar como o medo, a vergonha e a incerteza. No entanto, existem pesquisas muito interessantes que nos mostram outro lado dessa característica e do poder e impacto que criamos em nossas vidas quando permitimos a expressão da vulnerabilidade. Um dos TEDs (palestras disponibilizadas na internet) que mais me impactou é o da pesquisadora americana Brené Brown. Ela relata que, ao iniciar suas pesquisas na área de assistência social, encontrou nas pessoas com dificuldades em estabelecer conexões verdadeiras em suas relações uma forte correlação com a vergonha e que, no âmago deste sentimento, existia uma sensação de vulnerabilidade extremamente dolorosa. Imaginou então que se aprofundasse sua pesquisa na busca de caminhos para diminuir esta vulnerabilidade, poderia reverter a sensação de vergonha e consequentemente ajudar pessoas a fortalecer seus relacionamentos. Com isso, as tornaria mais plenas e felizes. Curiosamente não foi o que encontrou. Ao analisar centenas de entrevistas, identificou que no grupo de pessoas capazes de estabelecer conexões fortes e verdadeiras (que também tinham fortes sensações de pertencimento e de valor próprio), duas características estavam sempre presentes: a vulnerabilidade e a coragem, sendo as duas intimamente correlacionadas. A vulnerabilidade neste contexto significa a disposição de se expor, de se expressar de uma forma autêntica e franca, de fazer coisas sem garantia, de correr riscos. Quando as pessoas se desarmavam e se arriscavam a tirar a armadura que as protegiam, abriam-se também às experiências que traziam propósito e significado às suas vidas. Para este grupo, a sensação de vulnerabilidade não era confortável, mas também […]
unriyo