capitalismo com propósito maior
Qual o futuro do capitalismo? Para empresas como a cadeia de supermercados norte-americana Whole Foods a resposta é o capitalismo consciente, visão de negócios que procura solucionar os dilemas atuais da sociedade trazendo o ser humano para o centro da gestão das organizações. Tais empresas têm obtido bom desempenho, gerando desenvolvimento local, satisfação dos colaboradores e lucro para os acionistas.
Mas como explicar que, ao deslocar o fator financeiro de sua posição central na estratégia, essas empresas apresentem rentabilidade maior do que a média das organizações com visão convencional de seus negócios? Para Vicente Gomes, do Instituto Capitalismo Consciente e da Corall Consultoria, o diferencial dessas empresas é o pensamento integrado, que permite um melhor aproveitamento da relação entre os diferentes tipos de capital (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, natural). No bate-papo abaixo, Gomes esclarece a ideia de capitalismo consciente e analisa os diferenciais das empresas que adotam essa postura.
Reportnews: Quais as características das empresas que atuam sob os princípios do capitalismo consciente?
Vicente Gomes: O capitalismo consciente possui quatro pilares: a integração com stakeholders, o que significa ouvir as necessidades desses públicos e incorporá-las ao negócio; a liderança consciente, ou seja, ter pessoas que inspirem e de certa forma estejam no processo de se conhecer melhor e conhecer melhor a vida no planeta; o propósito maior, que é a adoção de valores, de uma visão que vá além do lucro; e a cultura consciente, ou a criação de um jeito de ser que incorpore toda essa filosofia.
reportnews: E que benefícios isso tudo traz para a companhia?
Gomes: A empresa passa a olhar para seu negócio de forma integrada. Consegue que seus colaboradores estejam envolvidos com o desenvolvimento da empresa, mais do que em uma situação em que não há identificação com o propósito da companhia. E profissionais dedicados conseguem superar com mais facilidade os desafios do mercado, cada vez maiores e mais complexos.
E isso impacta na rentabilidade. O professor Raj Sisodia, do Babson College, nos EUA, realizou um estudo para entender o que as empresas que são mais amadas fazem de diferente. Ele descobriu que, em cinco anos, estas empresas criaram nove vezes mais valor que outras companhias. Conseguiram ser 825% vezes mais rentáveis que a média.
Reportnews: Como o conceito tem evoluído no contexto empresarial?
Gomes: Já existem algumas empresas, inclusive no Brasil, que experimentam uma forma diferente de gestão. Há uma abertura para o diálogo comstakeholders, um espaço para que as pessoas sejam pessoas, ou até mesmo trazendo a espiritualidade para dentro da empresa, criando estruturas organizacionais coerentes com o capitalismo consciente.
O que essas empresas querem trazer ao mundo é uma evolução do capitalismo, focado em resultados, mas também oferecendo alternativas. É legal poder criar prosperidade, mas é possível fazer mais.
Fonte: Report Comunicação
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