Arquivos Cultura Organizacional - Página 4 de 8 - Corall Consultoria

Cultura Organizacional

Cuidado com as possíveis armadilhas por trás de uma cultura forte

Vivemos imersos em diversas culturas, a primeira na qual nos inserimos é a familiar, mas também podemos pensar em outras como a da nossa região, país, empresa, etc. A cultura é a expressão do que nos une, como seres sociais gostamos e precisamos nos sentir pertencendo a um ou mais grupos. O prazer que sentimos pelo acolhimento, a proteção e até a admiração dos outros membros da cultura é viciante, a ponto de as vezes não nos darmos conta do que podemos estar abrindo mão para continuar “bem na foto”! Pois é, esta é a primeira armadilha, são as regras implícitas que ditam o que pode e o que não pode. E ao mesmo tempo um outro traço bem comum entre nós humanos, é a nossa curiosidade pelo proibido e a vontade que a acompanha de transgredir… aí, começamos a ocultar parte de nós mesmos para preservar nosso senso de pertencimento no grupo. Uma pena, não é mesmo? Sem as vezes termos consciência podemos estar nos privando e também ao mundo, de acessar o que temos de melhor! Uma outra armadilha é a normalização. A cultura pode se manifestar em um jeito de pensar, de se vestir, de se comportar e o diferente é visto como uma ameaça ao sistema. Pense na cultura como um sistema vivo formado por um grupo de pessoas, assim como cada um de nós é formado por um conjunto de células. Quando algo ameaça nossa integridade física, nosso sistema imunológico não ataca o “intruso” para nos manter vivos? O mesmo acontece em uma cultura, o diferente pode ser também atacado e expulso. Mas, se continuarmos excluindo o diferente vamos estacionar no tempo, nos mantendo iguais e deixando passar oportunidades de evolução. Bem, mas não entendam que sou contra a cultura, muito pelo contrário, ela é […]

Quem não está em crise está em apuros

No meio de uma conversa com um executivo de Recursos Humanos, pergunto: – Qual é a transformação pela qual vocês estão passando nesse momento? – Atualmente? – Sim. – Atualmente não estamos passando por nenhuma transformação. – … Fiquei em silêncio, sem saber o que dizer. Como assim “não estamos passando por nenhuma transformação”? Já não bastasse o fato de, como sistema vivo, toda organização trazer intrinsecamente o princípio básico da transformação, quem pode se dar ao luxo de não estar vivendo algum tipo de transformação nesse maluco mundo VUCA (sigla em inglês para Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo)? A exemplo da frase que, volta e meia, aparece nas redes sociais como um tapa na cara dos donos da verdade e cuja autoria não faço a menor ideia — “quem não está confuso não está bem informado” -, eu diria que quem não está em crise, além de mal informado, está em apuros, sérios apuros. Está em apuros não porque lhe falte uma crise para chamar de sua. Está em apuros, isto sim, porque não tem sequer consciência de que está em uma crise. Uma organização que não se perceba numa situação onde ela é convidada pelo contexto a fazer algo diferente vive o pior dos problemas, na medida em que não sabe que opera de maneira disfuncional e pode assim caminhar inconscientemente para sua extinção. O convite para fazer algo diferente é uma forma de descrever a palavra crise. É o contexto dizendo, ou melhor, gritando que a forma como vínhamos operando até então já não funciona mais. É a vida nos chamando para evoluir numa direção diferente da que vínhamos seguindo. Essa é a história de todas as espécies que ainda coexistem entre nós. Uma história que alterna pequenos passos e saltos evolutivos provocados por pequenas e grandes crises. Quem aceita […]

A maior e mais sutil violência nas organizações

Basta passar alguns minutos dentro de uma organização para perceber o vocabulário de guerra, violência, embate e competição que impera nas reuniões, discussões e eventos motivacionais. Mas existe um comportamento mais sutil e mais violento que passa quase desapercebido e impede que as pessoas e organizações exerçam sua potência. “Vamos ser o número 1″, “vamos matar a concorrência”, “o líder precisa dominar sua equipe”, “você tem que ir lá e por o ***** na mesa”, “missão dada, missão cumprida”… frases e expressões como essas são comumente ouvidas nos corredores, salas de reuniões, eventos e convenções ou nos cafés onde uma pessoa de sucesso aconselha um amigo… vivemos um ambiente, um idioma e uma cultura de guerra dentro das organizações. Isso é percebido e explícito. O que nem sempre é percebido conscientemente é um outro tipo de violência, que atinge diretamente as pessoas, equipes e, poderia dizer com uma boa dose de confiança, os resultados das organizações: O que eu estou dizendo é a verdade! “A certeza cega. Quanto mais certeza você tem, menos você vê” – Maturana A imposição de uma única perspectiva da realidade, ainda que acompanhada de fatos e dados, como A Realidade única e objetiva, mina completamente a potência humana. Isso se torna ainda mais violento e potencialmente destrutivo quando a imposição de uma (perspectiva da) realidade é associada a uma posição hierárquica superiora. Quantas vezes uma organização ou equipe aceita uma realidade, mesmo não concordando com ela, simplesmente porque ela foi dita por um CEO, Vice Presidente, Diretor, Superintendente (esse nome é curioso, né?). “Mesmo de uma perspectiva anatômica, é impossível para nosso cérebro ver qualquer coisa de maneira crua sem alguma interpretação. Podemos nem sempre estar conscientes disso.” – Nassim Nicholas Taleb em A Lógica do Cisne Negro Acontece que não respondemos ao mundo de uma maneira direta. […]

Dicas para a Jornada de Evolução

Muitas são as empresas que investem tempo e dinheiro na busca da sua evolução nos mais diversos temas, como por exemplo: aprimoramento da qualidade dos seus produtos e serviços, expansão geográfica, ou a criação de uma cultura inovadora. O que percebo de comum em boa parte destas iniciativas é que elas começam com muita força e aos poucos se dispersam. É como se o frisson gerado por um evento de mobilização da liderança, pudesse em um passe de mágica, transformar o chumbo em ouro, mas passado o efeito “empolgação”, não é raro que tudo volte a ser como era antes… Não quero dizer com isto, que os eventos de mobilização da liderança são desnecessários, muito pelo contrário, podem ser ótimos pontos de partida com um bom convite ao movimento de evolução, mas não podemos parar no convite não é mesmo? Sustentar a evolução é fundamental! Usando uma metáfora é como dizer que após plantar uma semente — que seria um evento de mobilização, precisamos regar e adubar a planta para que ela possa crescer forte e de fato liberar todo o seu potencial. Para sustentar a evolução, explorar o tema de forma integrada com uma visão sistêmica é fundamental. Esta exploração será mais rica na medida em que diferentes grupos forem convidados a contribuir com seus pontos de vista como: líderes, funcionários, parceiros, clientes, consultores parceiros, etc. Cada grupo poderá trazer uma perspectiva diferente ajudando assim a ampliar o entendimento do alcance do tema. Identificar questões relevantes e desenvolver uma escuta profunda para as diferentes perspectivas, sem julgamento, buscando incluir perspectivas ao invés de excluir é crucial. Se analisarmos por exemplo, uma empresa que busca uma cultura de inovação, ela pode formular perguntas para ajudar nesta exploração, como por exemplo: Como a empresa lida com o erro? Lembrando que ele faz parte […]

Em que capitalismo você quer viver?

capitalismo trimestral é uma roda vida e pressão todos os dias. Em contrapartida, surgiu há alguns anos o conceito de capitalismo consciente. Na semana passada, tive o prazer de entrevistar o Kip Tindell, fundador de uma rede de varejo americana chamada Container Store, “a loja original do armazenamento e organização”. A conversa foi fascinante e logo será publicada na sessão Entrevistas com CEOs do blog da Corall. E um dos assuntos sobre o qual falamos foi uma polaridade: o capitalismo consciente versus o capitalismo trimestral. O capitalismo trimestral é onde a maioria de nós passa grande parte do nosso tempo. Nele, as empresas precisam apresentar resultados trimestrais cada vez melhores, se superar a cada ciclo. É uma roda vida e pressão todos os dias. Mal fechou na venda do mês, já tem alguém perguntando do mês seguinte. O executivo muitas vezes trabalha para os investidores do mercado financeiro, sejam eles grandes acionistas, analistas de mercado ou um private equity. Isto gera toda uma atitude na organização: imediatismo e foco nos resultados de curto prazo. E quais são as implicações? Pressão exacerbada pelos números, cortes de custo, cortes de pessoal, desconexão com uma visão maior e muitas vezes com o próprio mercado, o que resulta em desengajamento dos colaboradores e menos inovação, o que só piora a situação. O mercado financeiro até pode ficar feliz, mas ninguém mais. Em contrapartida, surgiu há alguns anos o conceito de capitalismo consciente. Nele, as empresas veem o lucro como necessário para sua perenidade, mas não como o motivo pelo qual existem. Elas têm um propósito maior, algo que entregam à sociedade e buscam resultados para todos os seus stakeholders: acionistas, clientes, colaboradores, meio ambiente, sociedade, governo, etc. O seu foco é ter um impacto positivo no mundo, e interessantemente, elas são assim mais queridas […]

Liberando a potência para inovação

Hoje, sabemos que a inovação se tornou o principal caminho para as empresas crescerem e terem sucesso nos seus mercados, além de ser a melhor maneira de expressar o seu propósito no mundo. A criatividade e a inovação são estados naturais do ser humano, o que nos leva à pergunta: “como criar organizações que liberem esta potência natural que todos temos? ” A forma que pensamos, nos relacionamos, aprendemos e nos organizamos em uma companhia cria, ou nos afasta, de uma frequência criativa. Quando as pessoas sentem que a empresa tem um propósito ousado, que suas ideias são bem-vindas, que há um ambiente de colaboração e confiança e que se pode experimentar (e até errar), elas se arriscam a contribuir e a construir o diferente juntas. É como se houvesse uma energia especial no ar, uma frequência que favorece a inovação. Em nossas pesquisas, encontramos 7 princípios que as organizações utilizam para promover e sustentar a frequência da inovação: Na semana retrasada, fui encontrar meu primo Roberto Lublinerman que trabalha na matriz do Google em Mountain View, nos Estados Unidos, e observei alguns destes princípios aplicados: A missão do Google é “organizar a informação do mundo e torná-la universalmente acessível e útil” (um atrator inspiracional). O Roberto me contou que trabalha num time de 6 pessoas focado em desenvolver novas plataformas tecnológicas que servirão como base para os produtos do Google. Eles têm liberdade de propor os projetos nos quais querem trabalhar, mas precisam encontrar um cliente interno interessado no produto ou serviço que vão criar (mercados internos). O time é composto por especialistas que se complementam (diferentes ideias e perspectivas) e tem total autonomia e flexibilidade para se organizar para entregar o prometido, com baixíssimo grau de controle (Colaboração e confiança). É incrível ver o grau de transparência, confiança […]

VUCA: Guia rápido para sobreviver ao vuco-vuco do mundo VUCA

O que é VUCA* é um acrônimo que significa Volatility (volatilidade), Uncertainty (Incerteza), Complexity (complexidade) e Ambiguity (Ambiguidade). O termo vem dos militares que, já na década de 90, percebiam que o que estava acontecendo no mundo era muito menos previsível e, portanto, controlável do que no passado. A regra não é, porém, de uso exclusivo militar. Muito pelo contrário, doa a quem doer, o mundo VUCA é para todos. O que fazer E lutar contra ele não parece ser a melhor estratégia. Aliás, não existe nada menos eficaz para lidar com o mundo VUCA do que os planos estratégicos que muitas empresas ainda insistem em fazer. Não, não estou louco. Quem está é quem acredita que dá para planejar os resultados que uma empresa pode atingir em 5 anos. Já é loucura suficiente fazer o planejamento de um ano. Tanto é que muitas empresas estabelecem suas metas no início do ano e as vão ajustando ao longo praticamente mês a mês. Ou levam mais da metade do ano tentando entender o cenário e, quando finalmente se decidem, o ano já passou. Por isso as empresas estão se reinventando. E a cultura de suas organizações são um dos principais desafios para inovar,como relata meu sócio Vicente Gomes neste artigo: “A maneira como as coisas são feitas hoje e as premissas tácitas a partir das quais os processos são executados, como por exemplo, a necessidade de compliance e controle que uma grande empresa tem. Uma delas teve que buscar fora do Brasil novos processos para contratar uma startup que era três vezes mais eficiente que seu fornecedor global: o novo parceiro não tinha 3 anos de balanço e fôlego de esperar 120 dias para receber suas faturas que o processo de compras de então necessitavam. Felizmente a matriz já havia desenvolvido novos parâmetros para […]

Pequenos gigantes: uma escolha consciente

Há algumas semanas, li um artigo cujo título era “No Clandestino, Bel Coelho desconstrói o restaurante tradicional, abre só uma semana por mês — e vive bem”. Trata-se de uma mudança de modelo de negócio e de vida para a consagrada chef de cozinha, Bel Coelho. Em 2013, seu elogiado restaurante de comida contemporânea, Dui, que funcionava em um modelo tradicional — leia-se, abrindo diariamente — foi fechado. Em 2014, surgiu organicamente o Clandestino, a partir de experimentos que ela vinha fazendo. Bel conta: “Busquei autonomia antes de qualquer coisa. Dinheiro não é o mais importante. Não me arrependo de nada. Sou muito mais feliz hoje”. Hoje, ela atende uma semana por mês a 24 clientes por noite, pré-pagos, e combina sua rotina com outras atividades como o Canto da Bel (em que um dia por mês ela serve pessoas a preços populares), pesquisa, palestras e cozinha para eventos corporativos. Fiquei bastante inspirado por tal proposta, pois eu também tenho refletido sobre minha rotina de trabalho, meu modelo de negócio e como isto conversa com meu fluxo e propósito de vida. Por vezes, quando o volume e a pressão aumentam, me percebo como uma “máquina de produção” e esqueço o verdadeiro prazer de exercer minha vocação. E sei que esta não é uma inquietação só minha. Vivemos em uma sociedade onde o paradigma atual é “o crescimento é sempre bom e ter sucesso é ter mais”, sem mesmo nos darmos conta de que isto talvez não seja uma verdade absoluta, mas uma premissa que está nos guiando inconscientemente. E isso se aplica a pessoas e empresas. O mercado de capitais, com acionistas que muitas vezes não têm nenhuma conexão com as empresas nas quais investem, mas apenas com seus resultados, pode estar exacerbando este modelo mental. Outras empresas, contudo, escolhem conscientemente ser excelentes ao invés de […]
unriyo