Arquivos Desenvolvimento e relações humanas - Página 4 de 7 - Corall Consultoria

Desenvolvimento e relações humanas

Não seja refém dos seus talentos

Este título te deixa confuso? Pois é, normalmente pensamos nos nossos talentos apenas como forças, não é mesmo? Claro que nossos talentos são forças, isto ninguém tem dúvida, pois é através deles que expressamos o que temos de melhor e somos reconhecidos por isto! E nesta mesma descrição, secretamente reside o outro lado da moeda… Vamos pensar em um talento para entender como este efeito “refém” acontece. Imagine uma pessoa que é reconhecida como a mais divertida de um grupo. Parece ótimo, não é mesmo? Você será o primeiro a ser convidado para as festas e todos querem ter conversas divertidas com você. Mas para os assuntos sérios ou filosóficos, será que vão te chamar? Bem, provavelmente não… Outro exemplo é se você é considerada uma pessoa equilibrada e calma. Outro ótimo talento não é mesmo? As pessoas comentam: “O mundo está caindo e fulano se mantem calmo e equilibrado!”. Incrível, mas a pergunta que faço é: para onde vai a sua inquietação e a sua raiva? Não demonstrar não significa que você não sinta e várias pessoas descritas desta forma, secretamente alimentam as suas dores. Como somos reconhecidos pelos nossos talentos, e isto é um afago para o nosso ego, tendemos a reforçar mais e mais os mesmos. O desafio que apresento nesta provocação é não nos deixarmos limitar com uma única descrição. Como seres inacabados que somos, estamos em constante evolução, o que implica às vezes em mudanças significativas nas nossas escolhas de vida e até mesmo na nossa visão de mundo. Eu e meus sócios na Corall Consultoria, acreditamos muito em liberar o potencial das pessoas. Para que isto aconteça, dar espaço para nossas múltiplas facetas e talentos é fundamental. Um exercício que proponho para os meus coachees quando eles se descrevem de uma forma muito restritiva […]

Você não é o seu trabalho

Amar o trabalho não é uma dádiva ou resultado da sorte. É uma escolha. Você pode não ter o melhor trabalho do mundo e mesmo assim amar o que faz. Simplesmente porque ele faz algum sentido para você. Nem que seja porque com ele você consegue pagar suas contas. Ou, quem sabe, realizar seus sonhos? Têm tantas pesquisas demonstrando que as pessoas que amam o seu trabalho também são mais produtivas, o que normalmente se traduz em mais chances de reconhecimento, oportunidades de carreira e em um índice de empregabilidade muito maior, que nem vamos perder nosso tempo aqui recitando fontes. Tempo não é só dinheiro. Tempo é o espaço sagrado onde transcorre a vida… O problema, no entanto, é que esse sentimento nem sempre se expressa como um amor maduro, verbo intransitivo. Amo e pronto. Me basta amar. Muitas vezes, ele se mostra mais como uma paixão, daquelas que fazem emagrecer e, muitas vezes, até adoecer. Paixão cega, obsessiva, do tipo que nos torna tão dependentes do objeto de nossa paixão que nos esquecemos de nós mesmos. Quando estamos apaixonados, vivemos como se o outro fosse de verdade tudo, o nosso mundo. Nossa vida é depositada nas mãos do outro. Qualquer coisa que afete o outro nos afeta igualmente ou, pior, amplificadamente. E não resta nada ao outro, a quem entregamos tudo, que cuide direitinho de nós e satisfaça todas as nossas necessidades… Se você percebe qualquer sinal de que essa dinâmica está ocorrendo em seu trabalho, pare, simplesmente pare e pense. Você não precisa adoecer por causa de ninguém, muito menos por seu trabalho. Preste atenção por favor. Você não é o seu trabalho. Você é uma pessoa. O seu trabalho não faz parte de você. Ele é algo que você faz e, em algum momento, vai deixar […]

O que aparece quando o piloto automático some

– E aí, como estão as coisas? – Ah, você sabe, na correria de sempre… – Sei! Aqui é a mesma coisa. Essa é uma conversa padrão entre duas pessoas que trabalham, entre dois adultos atarefados. E, sabe de uma coisa? Confesso que me intriga pensar em que momento aprendemos que estar “na correria de sempre” é algo bom e aceitável. Meu incômodo começou há quatro anos, quando tirei um período sabático de dez meses. Ao me desligar e me preparar para as viagens, me dei conta de que carregava um cansaço acumulado de duas décadas de importantes realizações profissionais, mas com formato e ritmo desconfortáveis — horas extras, dores corporais, agitação mental frequente com pouco espaço de reflexão, centramento e descompressão. Pairava em mim uma sensação de acúmulo de tarefas, de ser tomado pela vida numa rotina maçante. De estar fragmentado entre o agora e logo mais, com o tanto que ainda faltava fazer… Me dava conta de que nunca dava conta! Ao retornar das atividades sabáticas, comecei a reorganizar tempos, escolhas e prioridades. Na verdade, eu passei a observar e aprofundar no sentido do trabalho em minha vida; percebia que a forma que organizava minha agenda antes não me deixava feliz nem motivado. À medida em que o tempo vai passando, vou aprendendo a lidar com o trabalho de uma maneira diferente. E compartilho alguns insights que tem me ajudado no caminho: Energia é a moeda mais preciosa do nosso tempo. Descanso, meditação e silêncio são combustíveis que nos ajudam a estar presentes, firmes e fortes frente aos desafios profissionais. Lentificar é uma possibilidade poderosa. Sim, respostas rápidas são importantes para o bom andamento do trabalho, ao mesmo tempo que algumas situações complexas exigem lentificação e cautela. Nesses casos, reagir rapidamente pode ser um movimento superficial e desastroso. Responder “eu […]

Os primeiros passos de um hacker de linguagem

Toda vez que você se sente ameaçado(a), seu cérebro simpático assume o comando. Pode esperar secreção imediata de adrenalina e cortisol, com consequente aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial e do açúcar no sangue para a obtenção de energia e reações automáticas como luta, fuga ou paralisia. Acredite: não é um defeito de fábrica. Pelo contrário, é o melhor que seu organismo é capaz de fazer numa situação que seu sistema nervoso interpreta como um perigo para sua vida. E é aí que começam os problemas. Na maior parte das vezes em que esse mecanismo é acionado, não estamos vivendo uma situação real de ameaça a nossa sobrevivência. É que nosso sistema nervoso é incapaz de distinguir, de imediato, entre um leão faminto e uma discussão ríspida. A reação é basicamente a mesma se você está perdido numa floresta repleta de animais selvagens ou numa reunião, digamos, acalorada: bombeamento de sangue para os músculos e o corpo mobilizado para defender a própria vida. Além de, num primeiro momento, basicamente perdermos a cabeça, a longo prazo, a repetição frequente desse processo pode nos levar a doenças sérias, que vão desde a depressão e problemas digestivos a diabetes, formação de pedras nos rins, hipertensão e osteoporose. Muita calma nessa hora! Até porque quanto mais preocupado(a), pior. Existem muitos instrumentos disponíveis para ajudar o organismo a voltar rapidamente à operação de cruzeiro. Os mais simples e comentados versam sobre exercícios respiratórios, meditativos e de atenção plena que qualquer pessoa pode aprender e, com disciplina, praticar até transformá-los em um recurso pessoal de modulação do sistema simpático. E, além de transformar a forma como seu corpo lida com situações de stress, acredite, você pode influenciar a cultura reinante, que costuma atuar como mais um gatilho de acionamento do sistema reptiliano. Que cultura […]

Aprecie sem moderação

Tenho me assustado com os atuais níveis de intolerância que venho observando nas interações entre pessoas. E não falo só da polarização nas redes sociais. No mundo do trabalho, não me recordo de já ter vivido um ambiente tão tenso e com tantas dinâmicas de desqualificação — e isso entre pessoas que, a priori, estão no mesmo barco e deveriam portanto, remar para a mesma direção. É um tal de um falar mal do outro, numa perseguição cega por culpados que até um consultor já calejado como eu se surpreende com a quantidade de conflitos de natureza visivelmente emocional e agendas ocultas que movem conspirações internas por poder, gerando, invariavelmente, sentimentos de exclusão de parte a parte — exclusão que, aliás, é o mais doloroso dos sentimentos, posto que nos priva exatamente do que nos torna humanos: o pertencimento. Natural que, em tempos difíceis, haja um aumento da desesperança no ar. O acúmulo de incertezas sobre o futuro estimula o crescimento do medo — medo de perder o emprego, de não conseguir voltar a trabalhar, de não ter como cuidar de si e da família. E como medo para nosso sistema nervoso é sinônimo de perigo, viver continuamente dominado por ele aciona exageradamente nosso sistema reptiliano, responsável pelas reações automáticas diante de situações percebidas como de risco à vida. A repetida liberação da adrenalina necessária a nos colocar nesse estado de defesa, ao invés de nos proteger de ameaças, desequilibra nossa química interna, estressando nosso organismo em excesso. Existem várias formas de reequilibrar os hormônios em nosso corpo, como fazer exercícios físicos, comer certos alimentos e, em casos extremos, repô-los por meio de medicação. Uma das maneiras mais simples e eficazes é a apreciação. Elogiar com sinceridade alguém estimula a liberação do “quarteto da felicidade”: endorfina, serotonina, dopamina e oxitocina. A pesquisadora Loretta Breuning, autora do […]

Eu não sei

Quantas vezes por dia você recebe uma pergunta, pedem sua opinião ou você entra espontaneamente num debate? E quantas vezes você responde com sua perspectiva, preferência ou opinião? E quantas vezes você diz que não sabe? Minha sugestão é que usemos mais o “não sei”. Não estou falando do “não sei” que desiste do encontro, que foge da inquietude ou que se afasta do outro. Estou falando de um “não sei” que continua engajado na conversa e no assunto, algo como “Eu não sei, mas estou curioso para descobrir”. Nada de novo se cria no conhecido, apenas conseguimos defender uma perspectiva ou replicar algo que já sabíamos. Abraçando o desconhecido, a aventura tem espaço para acontecer. O “não sei, mas estou curioso” abre as portas para a experimentação, para o aprendizado, para o crescimento e para a inovação. Ele pede que lidemos com a nossa ansiedade, com a confusão e algumas vezes com o desconforto. E abre espaço para o silêncio criativo, para o insight e para infinitas possibilidades, algo que nem imaginávamos antes. Quando surge o caminho ou a resposta, este surge com força, com clareza e com paixão. Por exemplo, “Eu não sei porque o cliente não está mais comprando, mas estou curioso para descobrir” “Eu não sei como criamos uma proposta de valor realmente diferente, mas quero muito explorar isto com você” “Eu não sei como saímos deste impasse, mas quero aprofundar o nosso diálogo e descobrir novas formas de resolvermos isto juntos”. Existe um conceito japonês chamado “Ba”. Ba pode ser considerado um espaço compartilhado que serve como base para a criação do conhecimento através de relações emergentes. O “não sei” curioso tem a mesma função. Ele pressupõe um desapego da minha certeza, abre o espaço para o desaprendizado e pede uma experimentação de novas alternativas […]

Fluxo — O caminho para super performance

Fluxo é um estado de consciência especial onde nos sentimos muito bem e performamos o nosso melhor. É um estado raro e radical em que o impossível se torna possível e nos aproximamos do nosso potencial de super-humanos. Se você consistentemente usa este estado para fazer o impossível você fortalece a confiança na sua capacidade para continuar fazendo do impossível, possível. No livro Super Humanos — Como os atletas radicais redefinem o limite do possível, o autor Steven Kotler examina como os atletas de esportes radicais superam resultados e obstáculos desafiadores, e argumenta que isso somente é possível quando eles se encontram no estado de Fluxo. Ele entrevistou diversos atletas renomados, estudou seus comportamentos e investigou as implicações da neurociência para concluir que estar em Fluxo é a base necessária para a criatividade disruptiva e o desempenho extraordinário. Insights criativos são consistentemente associados com o estado de Fluxo e a criatividade amplificada continua depois que o estado termina. Pessoas contam que se percebem especialmente criativas no dia após o estado e isso sugere que é como se a experiência de Fluxo estivesse treinando a mente para pensar fora da caixa. O estado de Fluxo é uma etapa de um ciclo de quatro fases e é impossível chegar lá sem passar por todo ciclo. O primeiro passo é a fase do desafio onde a mente e o corpo estão sobrecarregadas e a situação parece impossível de superar e você se sente muito distante de estar em Fluxo. A próxima etapa é a liberação em que você desfoca a mente do contexto, relaxa e fica absolutamente presente, inteiro e disponível no aqui e agora. A terceira etapa é o estado de Fluxo em que a criatividade desperta e a performance aflora de uma forma surpreendente. A etapa final é a recuperação porque o Fluxo […]

Inclua mais integralidade, curiosidade e leveza na sua vida!

Se você tivesse que descrever 3 adjetivos para representar as qualidades mais presentes nas relações de trabalho hoje em dia, quais seriam? Os meus 3 adjetivos são: racionalidade, objetividade e agilidade. Explico porque: Racionalidade, pois, vivemos uma época de grandes avanços na ciência em todas as áreas do conhecimento. Estes avanços têm ocorrido de forma exponencial curiosamente comprovando inclusive práticas milenares descobertas de forma empírica como por exemplo o poder da meditação. Yogues a milênios já descobriram os valiosos benefícios da meditação e agora a neurociência nos traz suas evidências. Excelente! Com práticas simples de mindfulness milhares de pessoas estão tendo acesso ao que antes estava restrito a um grupo de pessoas interessadas em experimentar algo e aprender com suas próprias experiências. Objetividade, pois, com tantos estímulos e com uma agenda lotada, para dar conta de tudo as pessoas tipicamente decidem “ir direto ao assunto”, sem tempo para “distrações”. Esta pode ser a descrição de sonho de muito líder, pensar em um time totalmente focado na entrega dos resultados, e muitas vezes isto de fato é fundamental, não é mesmo? Agilidade, pois, em uma era de comunicação instantânea, nosso tempo de resposta diminuiu enormemente! Com as mensagens instantâneas disponíveis nas mais diversas plataformas, quem te envia uma mensagem espera que você responda no máximo em horas e em alguns casos em minutos… assim, a agilidade passou a ser muito valorizada! Faz sentido, não é mesmo? Mas ao mesmo tempo, imagino que você deva estar sentido uma certa angustia, ou quem sabe ansiedade… pois é, estes 3 adjetivos parecem que deixam um espaço vazio, sem cor e sem gosto, insosso! Imagino que você está pensando, mas então por que este artigo se chama integralidade, curiosidade e leveza? Pois acho que estes são os adjetivos que complementam bem os que já são […]

Empreender é loucura. Enlouqueça!

Sempre ouvi dizer que empreender é loucura. E a razão parece mesmo estar do lado de quem diz isso. Segundo estudo do SEBRAE “A Sobrevivência das Empresas no Brasil”, duas a cada 10 pequenas e médias empresas morrem antes de completar dois anos de idade. As principais razões são os custos e impostos para 31% dos entrevistados, seguidos por baixa demanda (29%) e capital de giro (25%). O estudo foi publicado em 2016 e levou em conta dados da Receita Federal de 2008 a 2014, ou seja, ainda pegou carona na onda de crescimento econômico que não mais experimentamos desde 2015, quando o PIB chegou a 3.77% negativos. Aguardemos, portanto, dados ainda mais desanimadores no próximo estudo. Por outro lado, nunca se empreendeu tanto. Informações disponibilizadas pela Unitfour apontam um crescimento de 20% no número de empresas abertas em 2016 em comparação a 2015. A principal razão é o aumento do desemprego, ou seja, empreender no Brasil é mais falta de opção do que propriamente uma escolha deliberada. Até a imagem do empresário, que no Brasil historicamente é visto como vilão, está se modificando. Pesquisa realizada neste ano pela Fundação Perseu Abramo na periferia de São Paulo revelou a descrença na função social do estado e que a única forma de ascensão social seria o mérito pessoal. Ponto a favor dos que tentam empreender, apesar de tudo. E é exatamente apesar de tudo que alguém parece se atirar no mundo do empreendedorismo. Porque se for fazer um “business plan” sério, dificilmente seguirá em frente. Com nenhum incentivo real do governo, segue em frente porque ou não tem mais o que perder — são 13,5 milhões de desempregados no Brasil (dados do IBGE de julho de 2017) — ou porque está arrebatado por um sonho de futuro que, não raramente, só o empreendedor consegue ver. […]

Em qual ficção faria sentido acreditarmos juntos?

Grande parte da realidade que vivemos hoje como sociedade não é nada mais do que uma obra de ficção que co-criamos, acordamos e decidimos acreditar juntos. Quais delas não fazem mais sentido? Quais novas estamos criando? Quais fariam mais sentido acreditarmos juntos? Leis de trânsito, sistema jurídico, horário comercial, profissões, carreira, sistema educacional, diploma, democracia, constituição federal, contratos, acordos comerciais, dinheiro, propriedade privada ou pública, idioma, indivíduo, direitos e deveres, orçamento, metas, estratégia… lidamos e convivemos todos os dias com essas “coisas” que são tão presentes, tão reais que parecem até uma realidade física e objetiva. Porém, se pararmos para pensar, não passam de obras de ficção, coisas que inventamos e decidimos acreditar juntos. E não é porque são obras de ficção que são menos ou mais importantes que uma realidade objetiva. Aliás, uma das grandes características de nossa evolução como humanos é nossa capacidade de criar e inventar coisas que vão além de algo fisicamente palpável. Ao longo de nossa história, fomos criando ideias e conceitos, fomos conversando sobre elas a ponto de acreditar tanto nelas que as transformamos em elementos tão reais que hoje não parece fazer o menor sentido não acreditar que elas realmente existam. Reflita comigo… Um país é uma realidade física objetiva ou uma ficção em que um grande número de pessoas resolveu (ou foram obrigadas a) acreditar? Se a gente olhar no mapa, estão lá os países, suas fronteiras estão demarcadas, eles têm uma bandeira, um idioma, um hino, um sistema de governo, inúmeras vezes pessoas dão a vida por seus países. Mas, as fronteiras, as bandeiras, o idioma, o hino, o sistema de governo não são todas obras de ficção? Se a gente viaja de carro e passa por uma fronteira que diz que ali termina um país e começa outro, a fronteira […]
unriyo