Dois sócios de minha mais nova empreitada — uma organização em rede que combina serviços de consultoria e agência de comunicação — voltaram de uma reunião com um briefing para a criação de uma campanha. Como se tratava de uma concorrência, escolheram tocar o desafio apenas entre eles. Alegavam que não queriam envolver outras pessoas numa situação de alto risco, haja vista que várias agências — algumas, inclusive, maiores e mais experientes que a nossa — estavam no páreo. Lancei a provocação: “Por que não perguntam para as pessoas se topam participar no risco?” Colocada a pergunta, surpresa! Praticamente quase todos da rede não só aceitaram o desafio como participaram ativamente — por WhatsApp, que era a forma possível para uma noite de sexta-feira. Um dos dois que trouxe o briefing puxou a liderança para si, enquanto todos os outros desafiavam as primeiras ideias, traziam novas sugestões, apresentavam referências, criavam textos, chamadas, propunham e revisavam peças. Me chamou a atenção a quantidade e a qualidade das trocas, construtivas, respeitosas, mas também assertivas, autorais, apaixonadas. Sim, ganhamos a concorrência, o que deixou a todos muito felizes e orgulhosos. Mas o que mais nos encantou foi a forma como fizemos para chegar lá. Foi um processo intenso e divertido, mas, sobretudo, muito colaborativo. E, ao olhar o processo todo pelo retrovisor e me perguntar o que teria se passado para que ele ocorresse dessa forma, veio mais uma vez uma frase que martela há anos em minha cabeça: As pessoas querem colaborar. Só não querem ser enganadas, ou se sentirem usadas. E o que fizemos que contribuiu para o emergir dessa cultura colaborativa sem efeitos colaterais pode ser resumido em quatro grandes princípios: Conexão a um propósito comum — estamos construindo uma nova organização. O desafio colocado era mais uma forma poderosa para colocar esse propósito em prática, algo desejado por todos que fazem […]
– E aí, como estão as coisas? – Ah, você sabe, na correria de sempre… – Sei! Aqui é a mesma coisa. Essa é uma conversa padrão entre duas pessoas que trabalham, entre dois adultos atarefados. E, sabe de uma coisa? Confesso que me intriga pensar em que momento aprendemos que estar “na correria de sempre” é algo bom e aceitável. Meu incômodo começou há quatro anos, quando tirei um período sabático de dez meses. Ao me desligar e me preparar para as viagens, me dei conta de que carregava um cansaço acumulado de duas décadas de importantes realizações profissionais, mas com formato e ritmo desconfortáveis — horas extras, dores corporais, agitação mental frequente com pouco espaço de reflexão, centramento e descompressão. Pairava em mim uma sensação de acúmulo de tarefas, de ser tomado pela vida numa rotina maçante. De estar fragmentado entre o agora e logo mais, com o tanto que ainda faltava fazer… Me dava conta de que nunca dava conta! Ao retornar das atividades sabáticas, comecei a reorganizar tempos, escolhas e prioridades. Na verdade, eu passei a observar e aprofundar no sentido do trabalho em minha vida; percebia que a forma que organizava minha agenda antes não me deixava feliz nem motivado. À medida em que o tempo vai passando, vou aprendendo a lidar com o trabalho de uma maneira diferente. E compartilho alguns insights que tem me ajudado no caminho: Energia é a moeda mais preciosa do nosso tempo. Descanso, meditação e silêncio são combustíveis que nos ajudam a estar presentes, firmes e fortes frente aos desafios profissionais. Lentificar é uma possibilidade poderosa. Sim, respostas rápidas são importantes para o bom andamento do trabalho, ao mesmo tempo que algumas situações complexas exigem lentificação e cautela. Nesses casos, reagir rapidamente pode ser um movimento superficial e desastroso. Responder “eu […]
Feliz ano novo, de novo! Vamos olhar para o que está acontecendo no planeta e identificar qual a responsabilidade de cada um em causar um impacto positivo através de seu trabalho. Depois do carnaval, mais uma vez, o ano começa! Muitos desafios, incertezas, volatilidade, paradoxos, etc. Mas queria convidar você, antes de entrar na roda viva do dia a dia, a relembrar o grande olhar para o que está acontecendo no planeta e a responsabilidade das empresas e, em última instância, sua, de deixar um impacto positivo também através de seu trabalho. Recomendo, se ainda não viram, que assistam ao documentário estrelado por Leonardo de Caprio, www.beforetheflood.com, que apresenta sua jornada de descobertas pelo mundo depois de apontado pela ONU como embaixador para o meio-ambiente. No meu ponto de vista, o mais importante após essa narrativa de olhar expandido sobre o que está acontecendo de forma cada vez mais acelerada, é agir. Pequenas ações, pontos de acupuntura que nos ajudem, como sociedade e empresas, a responder também de forma acelerada, aos desafios que se apresentam. Gostaria de finalizar oferecendo para você algumas ações simples que, como cidadão ou como líder em sua empresa, nos ajudarão a nos movermos em uma boa direção para promover mais vida! Consuma de forma diferente, o que você compra, o que você come, que tipo de energia você usa, como pessoa ou como empresa; Apoie os políticos que apresentam leis e votam por políticas transformadoras, que facilitam e incentivam investimentos em energia renovável, em negócios sustentáveis e que direcionem a inovação para ciclos produtivos que impactem positivamente a sociedade e o planeta; Divulgue e converse com seus colegas e suas redes. Toda vez que lembro porque faço o que faço no trabalho qualquer desafio ou questão se tornam muito mais fáceis! Bom início de ano! Artigo […]
Corall entrevista Luciana Caletti e Dave Curran, da Love Mondays “A decisão sobre nossa carreira é uma das coisas mais importantes da nossa vida. Afinal, nosso trabalho é onde vamos passar a maior parte do nosso tempo” Quando você está em busca de trabalho em uma empresa, não seria importante ter acesso a informações dos próprios funcionários sobre como é realmente trabalhar naquele ambiente? Foi pensando em resolver esse problema que a brasileira Luciana Caletti, CEO, o irlandês Dave Curran, CFO, e seu compatriota Shane O’Grady, CTO, fundaram o Love Mondays. Com mais de 350 mil avaliações no Brasil, o conteúdo é postado pelos colaboradores de maneira espontânea e as opiniões são anônimas. Entre os tópicos avaliados estão a cultura da empresa, as oportunidades de carreira, o salário, o ambiente de trabalho e a avaliação do processo seletivo. Entrevistado por Ney Silva para o blog da Corall Consultoria, Luciana e Dave detalham as motivações que tiveram para empreender, as vantagens e desvantagens de criar um negócio como casal, as rupturas digitais que estão ocorrendo no mercado de recursos humanos e as inspirações de liderança. “Antes o nome da empresa no mercado era o que mais atraia os profissionais, mas hoje não é mais assim porque o principal ponto que buscam é a felicidade em uma cultura agradável”. Qual foi a motivação para iniciarem o Love Mondays? De onde veio a ideia? Luciana: antes de lançarmos o Love Mondays escutávamos muito sobre a questão de ser feliz no trabalho e de se realizar no âmbito profissional. É que antigamente as pessoas buscavam se realizar na arte, no esporte, na política, na família e até mesmo na religião, mas a felicidade no âmbito profissional não era prioridade. Nos últimos anos isso mudou por parte dos profissionais e também das empresas que buscam contratar colaboradores […]
A liderança não é uma competência ou algo que alguém possui, é uma prática ou um processo que acontece na relação entre pessoas em determinado contexto. Se você quiser praticar a liderança e influenciar transformações em seu time, sua organização ou sua comunidade na nova economia que vivemos hoje, você precisa entender essa dinâmica das relações e agir onde verdadeiramente tem influência e pode conseguir resultados. Eu e você já vivemos essa experiência ou a vimos acontecer com alguém muito próximo que admiramos. Uma pessoa é reconhecida como um excelente líder, que realmente consegue mobilizar e engajar um time ou toda uma organização num movimento significativo de transformação ou de entrega de resultados. Mas, essa mesma pessoa, em outro contexto, com outro time, em outro projeto ou organização, não consegue exercer a mesma influência e não gera o mesmo resultado comprovado anteriormente. A Liderança não é algo que alguém possa possuir. É um processo, uma prática relacional. Isso acontece porque a liderança não é algo inerente a uma pessoa ou algo que alguém possa possuir, ou até mesmo uma competência que possa ser aplicada e colocada em prática em qualquer circunstância. A liderança é um processo, um fazer, uma prática relacional que acontece no entre, um conjunto de ações, práticas, diálogos interconectados que equilibram as relações entre um EU, um OUTRO (ou grupo de pessoas) e um CONTEXTO. Sendo assim, todas as relações ou configurações de grupos dos quais você participa (sua equipe na empresa, seu time de projetos, seu grupo de projetos sociais, sua comunidade religiosa, sua família) está vivendo algum tipo de equilíbrio entre seus membros. Podemos dizer que o grupo está perfeitamente coordenado. Exemplos de grupos perfeitamente coordenados: Um time onde o chefe é autoritário e sua equipe entrega o que ele pede sem questionar; Uma família […]
Esta questão aparece frequentemente nas interações com clientes em busca de organizações mais ágeis e atrativas para jovens. Quais as possíveis respostas? Esta pergunta tem aparecido com muita frequência nas interações que tenho com clientes em busca de organizações mais ágeis e que sejam atrativas para os jovens, cada vez mais exigentes em relação à qualidade do ambiente de trabalho e à cultura organizacional. Em entrevista recente que realizei com os fundadores do Love Mondays, empresa que registra comentários e avaliações espontâneas dos funcionários sobre suas organizações (são mais de 350 mil avaliações no Brasil até agora), “o fator que mais tem impacto na felicidade da pessoa no trabalho é a cultura da empresa”. Este cenário tem trazido uma pressão intensa sobre os “chefes”, de como devem envolver suas equipes e tornar o ambiente cada vez mais aberto a capturar os talentos e contribuições da cada indivíduo. De fato, o antigo chefe, hierárquico, voltado a dinâmicas de comando e controle, no manda quem pode e obedece quem tem juízo, vai se tornar uma figura cada vez mais rara. Na Corall, nossa consultoria que ajuda organizações em seus movimentos de evolução, temos recebido vários pedidos de clientes que veem como imperativo tornar suas estruturas mais horizontais, mais ágeis, com novos modelos para a tomada de decisão e distribuição da autoridade. E voltando à pergunta inicial, sobre se é possível uma organização existir sem “chefes”, sim, é possível e existem alguns exemplos de sucesso no mercado tanto internacional como nacional. Mas os casos ainda são muito raros e estão normalmente associados a empresas que já no seu nascimento tinham uma forte presença da autonomia e gestão participativa. Um caso famoso é o da maior processadora de tomates do mundo, a Morning Star, localizada no estado da Califórnia nos Estados Unidos. São mais […]
Ao longo da vida encontramos muitas pessoas que nos inspiram e nos ajudam no nosso processo de evolução. Cada encontro, seja ele físico ou virtual, como por exemplo a sabedoria encontrada em livros, carrega em si um efeito poderoso de transformação! Aqui vale uma pausa, você já parou para pensar quantas pessoas contribuíram para você ser quem você é hoje? Espero que neste momento você esteja se sentindo inundado de gratidão como eu me sinto agora por grandes encontros e por alguns rápidos e surpreendentemente transformadores! Refletindo e revivendo vários encontros marcantes da minha vida, percebi um aspecto comum entre todas as pessoas que me inspiraram: Elas vivem plenamente a sua essência. É a beleza da coerência entre o pensar, o sentir e o agir que só é possível quando estamos vivendo em fluxo, conectados com nossa essência. Uma frase de Osho traduz bem este ponto: “Opte por aquilo que faz seu coração vibrar, apesar de todas as consequências.” E nesta frase tem a dica do por que muitas pessoas não vivem assim, pois muitas vezes optam por um suposto caminho seguro e uma necessidade de agradar a família seguindo padrões que nem sempre conectam com suas preferências. Viver a própria essência requer coragem e autoconfiança, características estas que cativam e atraem como um imã o olhar e o coração das pessoas. Outra reflexão que tive sobre as características das pessoas que mais me inspiraram foi sobre o processo humano de aprendizagem. Como seres sociais, aprendemos coletivamente e ao mesmo tempo de forma muito individual. Como por exemplo um dos ensinamentos mais conhecidos de Ghandi no qual ele fala: “Seja a mudança que você quer ver no mundo.” Todos nós nos conectamos com esta inspiração de protagonismo e ao mesmo tempo a mudança que cada um quer ver no mundo […]
Para lidar com um desafio muito complicado, dividimos ele em partes e cada um cuida do seu pedaço, depois é só juntar as partes. Essa premissa funciona para a minoria das situações de negócio hoje. Precisamos assumir urgentemente novas premissas. Grande parte dos modelos, metodologias e processos de negócio são construídos sobre premissas e alicerces que vêm do universo das máquinas, do pensamento mecânico. Como se uma empresa fosse uma grande engrenagem, cheia de pequenas engrenagens interconectadas por seus “dentes” e correias e, se cada engrenagem funcionar eficientemente e estiver conectada de maneira azeitada e alinhada, a grande engrenagem funcionará perfeitamente. Quem é responsável pela grande engrenagem? Um, ou um pequeno grupo, de líderes que precisa garantir o funcionamento das peças, trocar as que não funcionam por outras peças iguais ou mais modernas, colocar graxa e azeitar as peças pra que não tenham muito atrito umas com as outras. Mas, o que há de errado nisso? Nada. Essa premissa funciona perfeitamente quando estamos diante de situações complicadas e bem difíceis, mas são possíveis de serem planejadas, os resultados previstos e todas as variáveis, mesmo que sejam muitas e bem diversas, são conhecidas e sua interdependência também. Exemplos: construir um avião, desenhar um linha de produção, administrar um centro de distribuição ou uma cadeia logística. Até há poucas décadas atrás, no século passado, poderíamos incluir nesse exemplo a administração de empresas e negócios, caso eles vivessem num contexto onde seu mercado não sofresse nenhuma disrupção, seus concorrentes fossem identificados e conhecidos e houvesse um perfil de cliente e de funcionário definido e com pouca diversidade. Porém, a realidade e o contexto hoje são bem diferentes. Todos os setores e modelos de negócio estão passando por disrupções significativas, com novos players e concorrentes que nunca imaginávamos ter. É quase impossível fazer uma […]
Precisamos com urgência de líderes vivos e prontos a morrer! Por Marcio Svartman, sócio-consultor Corall. Nosso foco tem sido sempre olhar as corporações, mas é no emaranhado entre este universo e a gestão pública que senti um chamado de urgência. Em um mundo complexo e interligado em todas as suas manifestações, as empresas não são mais observadas apenas pelo que produzem, mas, enquanto produzem, como pensam e se relacionam com as principais questões do planeta e da sociedade. O propósito maior que mobiliza uma organização e a coerência em suas posturas em tudo o que faz são, cada vez mais, condições fundamentais de sucesso, pois o olhar deve ser ao futuro e a presença deve ser plena. Pode parecer contraditório, mas não é. Viver com a mente e o coração no futuro nos impede de estarmos efetivamente no momento presente, e é só no presente que podemos construir o futuro. Tenzi Giatsu, o décimo quarto Dalai Lama, tem uma linda frase sobre isso: “Existem apenas dois dias nos quais você não pode fazer nada para mudar a situação: ontem e amanhã.” Manter-se no futuro nos gera ansiedade e medo, e nos impede de agirmos efetivamente para construir o novo. Para o verdadeiro Líder, o futuro que ele visualiza já está presente e ele trabalha para que o gap desapareça. Quando Líderes permitem que o futuro os tire do presente, o resultado é devastador para eles e para a organização à qual deveriam servir, pois não poderão mais agir como agentes de criação de algo novo. Hoje, no cenário político, temos a oportunidade de constatar uma devastadora ausência de líderes adequados, e os lugares em que deveriam estar parecem ocupados por pessoas mais preocupadas em manter suas posições do que em comprometerem-se com o que deveriam fazer no presente para gerar […]
Tenho constatado que líderes empresariais estão cada vez mais conscientes da evolução acelerada de tecnologias e modelos de negócios; fico até surpreso ao ver como rapidamente estão trazendo para agenda de suas empresas questões sobre as implicações e impactos de todas essas novas forças transformadoras. Ao mesmo tempo experimento uma sensação de inquietude com relação a uma questão fundamental: será que estamos limitados pela nossa capacidade de percepção das ameaças e oportunidades que este novo contexto traz? São tantas possibilidades que surgem com cada novidade tecnológica que tenho a sensação que ficamos míopes de suas implicações, mais importante ainda, das oportunidades que cada uma delas e do efeito exponencial que a combinação entre elas trazem para nossos negócios, nosso trabalho e para nossas vidas. Considero que o maior gargalo no fluxo de geração de valor e prosperidade hoje em dia é nossa capacidade de entender e sentir essas implicações, afinal nosso “sistema operacional” básico não evolui há aproximadamente 300.000 anos: nosso processo inconsciente de filtrar os estímulos e informações, dar significado e agir/reagir no mundo continua a mesma desde que caçávamos nas savanas para nossa sobrevivência. Operamos no mundo através de modelos mentais, que são construídos e armazenados em nossas memórias subconsciente e inconsciente ao decorrer de nossa história. Esses modelos nos permitem navegar pela vida de forma eficaz, mas, num mundo em franca transformação e ebulição, talvez não sejam mais tão eficientes. Nesta forma de descrever o que está acontecendo, o fator fundamental para transformação dos negócios passa a ser a capacidade de evoluirmos nossos modelos mentais para lidar com a enormidade de informação e oportunidades que estão disponíveis. Para isso é preciso usar cognição e emoção de uma forma muito diferente do que é normal hoje em dia, ou seja, tipicamente usamos somente nossa capacidade analítica e conceitual. […]