
“O que você vai fazer para eles se entenderem? ” Esta foi a pergunta que me fizeram há algumas semanas quando me preparava para facilitar um workshop em que representantes de uma equipe se encontrariam para discutir temas importantes para a evolução de sua organização. Dois destes representantes tinham um histórico recorrente de desentendimentos e polarizações de ideias. De fato, nem eu nem ninguém poderia garantir que os dois se “entenderiam”. O que estava no meu alcance era o de fazer um bom desenho para uma experiência coletiva positiva e ajudar a criar o “campo” para que as pessoas saíssem do tradicional debate / embate para o verdadeiro diálogo, com mais abertura e empatia. Poderíamos, eu e outros participantes, em especial o líder daquela equipe, fazer bons convites, mas a decisão de criar a disponibilidade interna para entrar neste espaço verdadeiramente dialógico é sempre individual. Se os dois não estiverem dispostos a explorar outras possibilidades, além de suas “verdades incontestáveis”, pouco se conseguiria avançar. Cada um de nós pode usar no dia-a-dia, dois tipos de paradigmas (modelos ou mapas que usamos para navegar na vida) quando nos defrontamos nas nossas relações com situações que fogem do resultado que esperamos. De acordo com o primeiro paradigma, se algo deu ou está dando errado, alguém, e normalmente o outro (ou outros), é o culpado. E assim naturalmente penso: como faço para mudar o outro? O que é preciso fazer para “consertar”, para “corrigir” o culpado? Não temos consciência, mas no fundo estamos usando a lógica cartesiana, a mesma lógica onde dois mais dois resulta em uma única possibilidade, quando ficamos seguros que temos “a verdade”. Contudo, na complexidade das relações humanas, tal caminho simplesmente não existe. Há um segundo paradigma que podemos usar. E neste outro paradigma, entendemos que, em cada relação […]

Imagine a cena: 31 de dezembro, momento em que muitos fazem planos, assumem compromissos consigo mesmo, muitas vezes os mesmos compromissos que foram assumidos naquele mesmo instante em anos anteriores, mas que não foram realizados. Parar de fumar, perder alguns quilos, ser mais paciente com determinada pessoa ou situação, etc. Ou no ambiente de trabalho, quando nós (ou outros) somos (são) convidados a realizar uma mudança comportamental que faz todo sentido, que vai ajudar a nós mesmos e aos que estão ao nosso redor e ainda assim fracassamos nos nossos planos, apesar de estarmos resolutos sobre a mudança proposta. Mudar algumas vezes pode ser bem difícil. Para os que não estão nos nossos sapatos, pode parecer que é falta de força de vontade, determinação, planejamento, foco e execução. Sim, às vezes, pode ser isto mesmo. Mas o tipo de mudança que gostaria de explorar com vocês neste artigo é aquele, em que, apesar de toda nossa convicção, resolução e determinação, é muito mais difícil de levar adiante. Vou apelidá-la aqui de “Mudança Dura”. Meu ponto é que podem existir várias dimensões envolvidas neste tipo de “Mudança Dura”, dimensões com forças potentes que funcionam como verdadeiros freios para a direção que escolhemos. Estas forças, nas distintas dimensões, podem atuar de forma somada e integrada para frear nossos objetivos. Às vezes, uma dimensão é mais preponderante e uma atuação efetiva em suas forças consegue liberar o movimento para transformação tão almejada. Outras vezes, precisamos de um esforço coordenado para que o trabalho seja realizado nas distintas dimensões. Mas afinal, que dimensões são estas? Acredito que analisar um caso concreto tornará mais claro o que estamos falando. Vamos exemplificar então com uma situação corriqueira: perder peso. Imagine o caso de alguém que realmente quer muito emagrecer, mas que não tem alcançado suas metas. […]

Conversas que Transformam No dia 5 de abril de 2017 a Corall completou seu quarto aniversário e aproveitou a oportunidade para lançar um livro com as primeiras 20 entrevistas “Diálogos com CEOs”, publicadas em seu blog ao longo de 2016. Foram mais de 160 participantes no evento, entre clientes, parceiros e amigos, e, neste grupo, onze dos CEOs entrevistados puderam nos presentear com sua presença. Decidimos proporcionar uma experiência diferente aos participantes e convidamos os onze CEOs para um diálogo no pequeno palco montado numa sala na Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima, um espaço hospitaleiro e convidativo a reflexões sobre nosso papel na sociedade. O diálogo, facilitado pelo nosso sócio Fabio Betti, foi um exemplo vivo da riqueza de perspectivas e possibilidades quando se acessa a inteligência coletiva de um sistema. Três dos CEOs trouxeram dilemas e inquietações que estão enfrentando hoje em seus ambientes organizacionais. Dilemas difíceis, complexos, ambíguos, longes de possuírem uma resposta ou endereçamento rápido. Aquele tipo de dilema que, quando nos projetamos nos sapatos dos CEOs que o estão experienciando, nos traz o desconforto natural da incerteza… “e agora… o que eu faria?…”. Como manter a energia e motivação da organização quando vier o novo ciclo de baixa? Como administrar as cada vez mais presentes demandas de curto e longo prazo, num negócio tradicional e que será fortemente impactado pelo mundo digital? Como lidar com temas éticos profundos, que nos levam ao questionamento do valor do bem individual e do coletivo, no contexto social que estamos vivendo? A cada contribuição espontânea dos participantes, uma nova cortina de possibilidades se abria, com reflexões de alto nível que ampliavam nossos horizontes. Para nós, sócios da Corall, o que mais nos mobilizou e alegrou, no entanto, não foi apenas poder apreciar respostas inteligentes e perspicazes de líderes […]

Há algumas semanas, conversando com o presidente de uma empresa sobre caminhos para a evolução da cultura organizacional, ele usou uma expressão que me deixou num primeiro momento bastante impactado: “A Solução está no Conflito”. Como um consultor que procura criar condições para a colaboração e o diálogo deveria ouvir esta frase? Felizmente, tive a oportunidade de aprofundar seu ponto de vista e consegui traduzir para palavras mais usuais para mim e constatei que a essência do que ele trazia tinha muito valor: a solução está em criar um ambiente onde as pessoas se sentem à vontade para trazer suas perspectivas, ainda que conflitantes. Refletindo um pouco mais, cheguei à conclusão, que a verdadeira colaboração no atual contexto em que operam as empresas, só se dará de fato se as pessoas souberem lidar com conflitos, cada vez mais presentes. Com o imperativo de se “fazer cada vez mais com menos” é inevitável que as áreas, de P&D a serviços pós-venda, precisem compartilhar recursos, trabalhando com pessoas que possuem agendas e prioridades diferentes e muitas vezes concorrentes entre si. Multinacionais também vivem o dilema similar para priorizar e alocar recursos nas suas distintas geografias. De fato, por trás do conflito reside uma tensão potencialmente criativa, de onde podem emergir soluções melhores do que as antevistas pelas partes, com grande valor para o todo. Mas para que isto aconteça é necessário saber como se trabalhar com as perspectivas semelhantes e diferentes entre os envolvidos. A palavra “perspectiva” é muito importante no gerenciamento de conflitos. A grande maioria das pessoas não se dá conta que tratam suas “perspectivas” como “verdades”. Esquecem-se que construíram suas “verdades” a partir de suas experiências pessoais, que são intrinsicamente limitadas. Há uma fábula de origem indiana que conta como 7 cegos que não conheciam o animal elefante o […]

Durante sua trajetória, Walter Dissinger contribuiu com a evolução de empresas bem-sucedidas. Ocupou vários cargos no grupo químico alemão BASF e há cerca de três anos se tornou CEO da brasileira Votorantim Cimentos. O desafio a ser assumido foi grande, já que a indústria da organização foi uma das mais afetadas pela crise sócio-política-econômica brasileira. Em meio a esse verdadeiro olho do furacão, ele assumiu uma firme gestão baseada em extrair o melhor das pessoas com um amplo foco em sustentabilidade. Entrevistado para o Blog da Corall pelo sócio da consultoria, Ney Silva, Dissinger descreveu detalhadamente seu atual ramo de negócios e os principais aspectos de sua cartilha de transformação como líder. Confira os principais trechos da entrevista: A indústria de cimento foi uma das mais afetadas pela crise sócio-política-econômica atual. É de conhecimento geral que projetos de infraestrutura e imobiliários foram profundamente impactados. O que a Votorantim Cimentos tem feito para lidar com essa nova realidade no Brasil? W.D. Em geral, a indústria sofreu bastante nos últimos dois anos e é natural levar tempo para se adequar a este novo momento. Aconteceu o mesmo com o mercado de cimentos. Inicialmente, fizemos ajustes estruturais dentro da organização. Ou seja, olhamos todas as oportunidades de redução de custo, de curto e longo prazo, com um olhar sustentável. Um exemplo é o co-processamento que realizamos desde 1991, mas que transformamos em uma nova unidade de negócio em 2015, e que reduz a pegada de CO2 (carbono). Dessa forma, combinamos um ajuste a essa nova situação, nos preparando de forma mais eficiente para o futuro. Nos últimos três anos, definimos uma estratégia diretamente focada em pessoas, clientes, excelência operacional, e sustentabilidade. Decidimos que nossa reação seria permanecer como a melhor empresa de nossa indústria para continuar conquistando a preferência do consumidor. Realizamos investimentos […]

Quando criança, Daniel Campos sonhava em ser astronauta. Somente durante a faculdade que conheceu um pouco do ambiente de negócios e se apaixonou pela possibilidade de construir coisas e realizar mudanças por meio de pessoas. Sua primeira experiência, um estágio…

Poucos dias atrás eu estava dando uma palestra a um grupo de 50 pessoas de uma empresa parceira que está passando por um grande processo de transformação. O gestor responsável pela área havia me pedido para fazer um “aquecimento” com este público, trazendo conceitos que usaremos ao longo da jornada que iniciamos para que os participantes pudessem entender os fundamentos, os pilares que usaremos neste movimento. Já havia falado muitas vezes e para públicos bem diversos sobre o modelo que usamos na Corall como base para os projetos de transformação em que trabalhamos, mas naquele momento algo internamente me disse que seria importante falar e fazer paralelos com transformações no campo pessoal e das relações a dois ou de pequenos grupos, mesmo que eu não tivesse em mente ainda como faria as correlações. Mas este “chamado interno” foi tão claro que eu me aventurei a falar com esta lente sobre o tema, mesmo sem saber direito como seriam as comparações. Encaro a transformação como um chamado da Vida para a evolução. Estamos num ponto inicial onde há uma tensão, um anseio de mudar para um novo estado escolhido e desejado. E um aspecto importante deste olhar é que deve existir uma intenção genuína para a mudança, e para iniciar esta jornada é importante ter consciência que nós também precisaremos mudar. Com frequência pessoas esperam que para uma relação ou situação melhorar o outro deve mudar, deve fazer coisas de uma forma diferente, mas não há a disposição interna para também olhar para si e checar como contribuímos para que o estado atual se preserve. Um de meus sócios na Corall, num dia de grande engarrafamento em São Paulo, teve um insight muito significativo: “Eu sou o trânsito! ” Sim! Ele e todos nós, ao decidirmos pegar nossos carros para nos […]

“Não se faz transformação na base de pressão e ameaças, e sim por engajamento. Mas, infelizmente, o mundo corporativo tem bem menos desse pensamento do que deveria ter.” Se os processos de trainee têm um exemplo bem-sucedido, o de Andréa Rolim é inquestionável. Formada em Economia e com muitas dúvidas sobre qual caminho profissional trilharia, encontrou na Unilever o local ideal para iniciar sua bem-sucedida trajetória executiva. Depois de duas décadas em diferentes áreas na companhia, destacando-se seu trabalho com marketing, encontrou no Grupo Pão de Açúcar a transição que precisava para assumir um cargo que tocasse todas as áreas de negócio em uma companhia. Com essa expertise, há quatro anos se tornou General Manager da operação brasileira da Yum!, empresa detentora das icônicas Pizza Hut, KFC e Taco Bell. Entrevistada para o Blog da Corall pelo sócio da consultoria, Ney Silva, Andréa ofereceu preciosos insights sobre modelos de franquia, opinou sobre como a presença feminina pode ser mais acentuada em cargos de alta liderança e revelou divertidos detalhes sobre o trabalho em uma indústria tão emblemática quanto a de restaurantes. Confira os principais trechos da entrevista. Comece falando um pouco e de sua trajetória e o que te levou a sua posição atual. A.R. Sou economista de formação. E, durante a faculdade, não sabia especificamente o que queria fazer. Trabalhei no Instituto de Economia do Setor Público durante os quatro anos de universidade e tinha dúvidas se seguiria uma carreira no setor privado ou se iria para uma área mais acadêmica. Não vim de uma família abastada, então precisava trabalhar e ser capaz de arcar com minhas contas, já que morava em São Paulo sozinha. Meus pais moram em Jundiaí. Uma amiga que cursava economia na USP me deu a ficha de inscrição do programa de trainees da Unilever e […]

Frio na barriga, desconforto, emoções à flor da pele, tendência a adiar ou mesmo evitar, receio da reação do outro e das possíveis consequências. Estas são algumas das possíveis sensações e pensamentos envolvidos quando estamos diante da situação de lidar…

As atividades profissionais que você desempenha hoje existirão daqui a 10 anos ou 15 anos? Serão realizadas da mesma forma que são feitas hoje? Para grande parte dos profissionais, a resposta dessa pergunta é “Não”! E não me refiro aqui simplesmente a profissionais de atividades industriais que serão substituídos pela automação, por meio de robôs. Muitas profissões especializadas, que requerem muito estudo, passarão por mudanças profundas nas próximas décadas. Muitas delas praticamente desaparecerão ou ficarão restritas a um número muito menor de pessoas. O iPhone, primeiro smartphone do mercado, não existia ainda há 10 anos. Foi lançado em 2007. Tudo o que fazemos hoje através de aplicativos em nossos smartphones, como compras online, traduções imediatas, e mobilidade urbana, para citar alguns poucos serviços, simplesmente não estava disponível há menos de uma década. Quantas posições no mercado foram criadas e outras deixaram de existir por causa dos novos fluxos sociais e econômicos a partir desta inovação? E esta notícia é ruim? Para o conjunto da população, a notícia é muito boa pois passarão a ser oferecidos melhores serviços e produtos a preços mais competitivos. Obviamente, para quem hoje desempenha estas atividades que serão transformadas ou simplesmente deixarão de existir, a vida não ficará fácil, pelo menos por um período de adaptação. Estas pessoas serão convidadas pela Vida a se reinventar, a abandonar o que faziam, do jeito que faziam e a procurar novos caminhos. E, como sabemos, este processo para quem o vive não é fácil. Há poucas semanas, vivi uma situação que me deixou bem reflexivo e com uma grande dose de empatia. Recebi de um taxista amigo, que foi um grande parceiro no período em que minhas crianças eram menores, uma mensagem via WhatsApp que anunciava corridas com 20% de desconto. Certamente, depois da chegada do Uber, a vida […]