Sonhos compartilhados não podem ser inventados, mas podem ser… compartilhados. Ou seja, se todo negócio nasce de um sonho (muitas vezes individual, no início), a sua transformação em realidade dificilmente se dará apenas pelo esforço daquele que teve um sonho. Paulo Freire, o renomado educador brasileiro, dizia que para o desenvolvimento de uma ideia ou causa, é preciso que o líder morra como líder e renasça como seguidor, assim o projeto ressuscitará nas mãos dos seguidores, que se tornarão líderes engajados.
Portanto chamar outras pessoas para sonhar junto com o sonhador original é uma tarefa essencial para transpor a nuvem dourada que separa o mundo onírico da nossa realidade feita de tijolos, cidades, computador, pessoas, trabalho e dinheiro.
Como fazer isso?
Há várias técnicas para promover essa união de interesses e objetivos. Pessoalmente, considero bastante eficiente a técnica do Dragon Dreaming, criada pelo australiano John Croft com base nas práticas dos aborígenes australianos, que tem um índice de sucesso de quase 100% com mais de 600 projetos complexos implementados com êxito. Vamos apresentar apenas um dos exercícios desta metodologia, chamado “Círculo dos Sonhos”. Trata-se de uma maneira de trocar ideias e visões como o primeiro passo a ser dado para iniciar uma empresa na qual ter um sonho compartilhado é o ponto fundamental. Todos que participam do projeto devem ter 100% de seus sonhos atendidos; unicamente desta forma, o sonho será de todos.
Quando são convidadas as primeiras pessoas para o “Círculo”, a ideia inicial — o primeiro sonho sonhado — já está lançada. O círculo tem a função, portanto, de dar início à busca de concepções comuns, caminhos que poderão ser compartilhados, levantar semelhanças e compatibilidades de objetivos e, naturalmente, entusiasmar os participantes a se engajar no projeto proposto de forma que este se torne também seu.
É de grande importância que os participantes, nesse contato inicial, se sintam incluídos e à vontade para expressar suas ideias e externar dúvidas.
Todos têm o direito e, de novo, devem ser incentivados, a expressar seus pensamentos. Croft afirma que em um Círculo de Criação é importante que ninguém possa negar, refutar, ou discordar do que foi dito por algum participante. Essa recomendação é colocada porque, explica Croft, “não há ninguém que entenda o ponto de vista pessoal melhor do que a própria pessoa que o está compartilhando, só esta pessoa é especialista em ser ela mesma e em compreender as suas singularidades pessoais”. Este é o momento em que as necessidades individuais devem aflorar para que se consiga compatibilizar essas singularidades a um projeto comum. Eventuais discordâncias e tentativas de convencer sobre um determinado ponto de vista são tarefas posteriores.