Peça para 2 pessoas de um mesmo time descreverem como foi uma determinada reunião em que ambas participaram e pode ter certeza que as descrições vão variar em algum ou em muitos pontos! Às vezes as narrativas podem ser diametralmente opostas a ponto de nos questionarmos se de fato as pessoas estavam descrevendo a mesma reunião! Uma pessoa pode contar que a reunião foi ótima, produtiva e que todos estavam engajados; já a outra pessoa pode contar que a reunião foi péssima, não houve empatia no grupo e ao final nada foi resolvido… então fica a pergunta, qual narrativa conta a verdade?
Bem…não é tão simples assim… excluindo os possíveis mentirosos inveterados, o que cada um de nós descreve pode ser considerado como sendo nossa verdade interior. Tudo o que acontece passa por nossos filtros ou modelos mentais e é a partir deles que interpretamos as situações e lhes atribuímos significados. E nossos modelos mentais são formados ao longo de toda nossa vida, desde a mais tenra infância até o momento presente com base em nossas experiências particulares: família e seus valores, amigos, experiências de vida, etc. Podemos assim entender que cada um de nós pode e de fato interpreta, cada situação de forma única e particular.
Então o que fazer para criar contextos em que as pessoas possam construir significados comuns ou ao menos entender o ponto de vista do outro como igualmente válido? Uma possibilidade para ajudar é o coaching de times. Coaching individual já é bem conhecido e adotado como parte do processo de desenvolvimento de muitos executivos, mas o coaching de times não é tão conhecido assim.
Coaching de times, atua em 2 níveis: no individual e no coletivo, permitindo assim o entendimento dos pontos de vista de cada um e ao mesmo tempo o entendimento da relação entre os membros do time; relação esta que muitas vezes reforça o padrão disfuncional que se manifesta repetidamente. Einstein já descrevia a insanidade como continuar fazendo a mesma coisa esperando resultados diferentes; mas se observarmos bem, todos nós somos um pouco loucos, já que em algumas situações achamos que o “outro” em algum momento vai ter uma epifania e perceber que você estava certo… não é mesmo? É neste tipo de situação que um Coach pode ajudar, oferecendo uma visão imparcial e sistêmica que elucida que todos os membros do time contribuem, cada um da sua forma, para criar a realidade que eles vivem e que para que haja evolução é necessário que todos assumam a responsabilidade pela a mudança. Fazendo uma brincadeira para ilustrar é como dizer que em uma relação sadomasoquista, um não sobrevive sem o outro!
Este tipo de intervenção tipicamente inclui:
- Sessões individuais para entendimento das perspectivas e necessidades de cada um,
- Participação em reuniões de trabalho do grupo para observação da dinâmica entre os membros do time,
- Workshops do time para desenvolvimento coletivo e
- Suporte individual e/ou em grupo para a sustentação dos novos padrões que vão emergir.
Se você percebe uma situação se repetindo com você e seu time, esta pode ser uma abordagem incrível para ajudar todo o grupo! Agora é importante ressaltar que assim como o coaching individual só funciona se for voluntário, o coaching de times também, então vale neste caso fazer um bom convite para uma jornada de descobertas e evolução. Muitas relações difíceis podem se transformar em relações de amizade, respeito e até admiração se nos propusermos a evoluir juntos!
Artigo publicado originalmente no blog Gestão Fora da Caixa na Exame.com