Você provavelmente já viveu situações em que duas ou mais pessoas lhe contaram o mesmo evento de forma bem diferente uma da outra, por vezes, com emoções e interpretações opostas!
As perspectivas e narrativas irão variar dependendo de quem descreve e de quem escuta.
Tenho apoiado muitos times através do processo de coaching para as lideranças e, nas sessões individuais, os coachees relatam situações de conflito, destacando como as interpretaram, o que sentiram e como agiram, ou reagiram.
Vou compartilhar um exemplo que envolveu dois diretores em uma reunião de planejamento estratégico onde decisões de corte de custos precisavam ser tomadas.
Para preservar identidades, vamos nos referir aos dois coachees como Diretor A e Diretor B.
O diretor A me compartilhou que apresentou uma proposta de corte de custo em sua área proporcionalmente menor que nas demais diretorias, justificando-a de diversas formas, e que ficou muito desconfortável com a postura do Diretor B, que,na sua interpretação, o atacou verbalmente com a acusação de transferir para os pares a responsabilidade pelos cortes que ele não queria fazer.
O diretor B, no entanto, trouxe seu desconforto com seu colega, descrevendo a seguinte cena: “Na última reunião de diretoria, ele surtou quando falei que não achava correto a diretoria dele ter um corte reduzido e, com isso, eu ter que aumentar os cortes na minha diretoria. Eu fui transparente e disse o que penso, mas parece que tenho que ficar pisando em ovos com esse cara.”
A partir desse pequeno recorte de cena, já podemos fazer várias reflexões, que vão além do certo e do errado.
É preciso aprofundar com um olhar sistêmico e exploratório as crenças, gatilhos emocionais, padrões relacionais que se repetem na vida da pessoa, ganhos secundários com determinados comportamentos, dentre outros.
Para acessar esses conteúdos, nem sempre uma abordagem dialógica é suficiente, por vezes, conduzo uma sessão de transe para que a pessoa possa acessar recursos ainda inconscientes, bem como para ajudar a ressignificar eventos de acordo com o seu momento atual de vida.
Você pode estar se perguntando: E sobre esse caso em particular, o que aconteceu com os dois diretores? Ambos estavam disponíveis para um processo de coaching mais profundo e, ao longo de algumas sessões, foram identificando seu papel na disfunção que viviam, assim como ampliando suas narrativas sobre o episódio vivido.
Gostaria de destacar o valor do coaching sincrônico com os dois diretores, pois a escuta de suas diferentes perspectivas é de enorme contribuição para a evolução de ambos e, consequentemente, da relação entre eles. Cada um faz o seu movimento, mas quando ambos fazem isso ao mesmo tempo, a evolução é mais rápida e perceptível.
Caso você tenha um exemplo específico do que está vivendo, compartilhe aqui a situação para que possamos explorar juntos.