“Steve Austin. Astronauta. Um homem semimorto. Senhores, nós podemos reconstruí-lo. Temos a capacidade técnica para fazer o primeiro homem biônico do mundo. Steve Austin será este homem. Muito melhor do que era. Mais forte, mais rápido”. Este era o texto de abertura da série Cyborg, O Homem de Seis Milhões de Dólares que estreou no dia 18 de janeiro de 1974, pela rede ABC e esteve no ar até 1978. Gravemente ferido, ele é levado à sala de cirurgia onde é submetido a uma operação que substitui seu olho e braço direito, bem como as duas pernas, por partes biônicas. Seus novos membros lhe dão a capacidade de enxergar a longas distâncias, bem como uma visão infravermelha, além de ser capaz de correr em alta velocidade. E ele começa a fazer missões como agente para o governo americano.
Eu pessoalmente adorava assistir à série quando passou no Brasil. Acho que combinava um quê de jornada do herói com cibernética e tecnologia, uma certa humanidade e até espírito romântico com desafios e conquistas concretas. E talvez tenha inconscientemente sido uma inspiração para minha paixão por organizações e como estas funcionam: um misto de homem e máquina.
Me explico melhor: estamos vivendo uma transição importante na sociedade, com uma mudança de valores, de longevidade, de tecnologia, de conectividade e consequentemente novas formas de fazer negócio (veja infográfico abaixo).
E esse novo contexto pede às empresas que funcionem de um novo jeito: mais baseadas em propósito e valores, orientadas externamente, empreendedoras, com autonomia e colaboração, as pessoas expressando todo o seu potencial e com lideranças mais naturais e inspiradoras. Ou seja, mais humanas, mais orgânicas e mais responsivas ao mundo. Buscamos criatividade, energia e adaptação das pessoas a um ambiente VUCA (sigla em inglês para Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo).
Ao mesmo tempo, a empresa é composta por muitos processos, máquinas, métodos que queremos que sejam os mais eficientes possíveis. E estes devem ser gerenciados mecanicamente, aumentando o controle, com inúmeras métricas e modelos estatísticos de gestão. Buscamos reduzir a variabilidade e garantir a qualidade do produto ou serviço.
A confusão acontece quando acreditamos que a empresa é uma coisa só: ou ela é orgânica, ou ela é mecânica. E tentamos utilizar uma só abordagem para pessoas e para processos, para a criação e para a produção. A empresa é na verdade um Cyborg, um ser humano biônico, uma combinação de homem e máquina. E precisamos criar modelos de gestão que reconheçam essa dupla realidade. Só assim, vamos conseguir liberar a potência do humano e, ao mesmo tempo, atingir resultados extraordinários para as pessoas, empresas e para a sociedade.
Artigo originalmente publicado no blog Gestão Fora da Caixa da Exame.com