Penso que este “efeito zumbi” se inicia e se expande para muito além das fronteiras da empresa. Na verdade, isso começa em cada indivíduo. Boa parte das pessoas, vive suas vidas no piloto automático, repetindo dia após dia a mesma rotina, seguindo uma suposta fórmula de sucesso ditada por alguns poucos executivos expostos pela mídia. O desejo de pertencer e ser reconhecido é muito profundo no ser humano e pode nos levar a fazer escolhas que não estão conectadas à nossa essência, em prol de agradar as pessoas e os grupos aos quais pertencemos (como família ou amigos) ou queremos pertencer (como time de liderança).
Autoconhecimento e auto estima são muito importantes para que possamos viver uma vida plena e com significado e assim sair do automatismo. Estas qualidades podem ser estimuladas para despertar o melhor das pessoas, colocando-as em um estado de presença e constante curiosidade! E mesmo tratando-se de temas profundos e complexos, podemos introduzir práticas muito simples, mas ao mesmo tempo poderosas! São vários os exemplos que poderia mencionar, mas vou me concentrar em apenas duas que além de simples, não requerem grandes investimentos.
Muitas empresas já possuem espaços de descompressão. Estes espaços mudam de acordo com a cultura, mas quase todos tem como objetivo estimular a convivência para a integração e a diversão, com sofás para bate papo, mesas de jogos, etc. Estes ambientes são ótimos e podem ajudar a rapidamente revitalizar as pessoas criando pequenos intervalos ao longo do dia! Mas, muitas vezes, o que realmente precisamos é um movimento mais introspectivo e aqui me ocorre uma ideia paralela e ao mesmo tempo transversal que seria o espaço da introspecção.
Neste espaço somos convidados a contemplar e/ou meditar. Aqui, podemos entrar em contato com o que estamos sentindo, dedicando alguns poucos minutos para respirar, sentir o corpo, perceber nossos pensamentos, nossas emoções e buscar através deste estado de observador de si mesmo, acessar a sabedoria que todos temos sobre os aprendizados que cada situação na vida nos oferece. Lembre-se, nada é em vão, então ao criar este tipo de espaço físico, a empresa já está fazendo uma declaração de como acha importante o autoconhecimento. E se a liderança frequentá-lo, então esta mensagem ficará ainda mais forte! Pode-se até pensar na criação de grupos de meditação coletiva em determinados horários do dia; pois como já vimos, fazer parte de um grupo é importante para nossa necessidade de pertencimento! Este espaço pode começar simples, quem sabe uma sala com almofadas no chão ou um canto reservado do jardim?
Mas, para adicionar mais uma possibilidade de pequeno movimento, que tal incorporar no seu dia a dia, sempre algo diferente? A ciência hedônica, que estuda o fenômeno da felicidade, indica que somos mais felizes e presentes quando estamos experimentando algo novo; mas não precisamos nos tornar consumistas, só precisamos dar vazão à nossa criatividade! Por exemplo, que tal todo dia convidar alguém diferente da sua empresa para tomar um café e assim conhecer mais a pessoa e o que ela faz? Ou quem sabe fazer uma reunião de trabalho com sua equipe em um parque? Outra possibilidade seria convidar seu time em uma tarde para todos irem ao cinema, assistir juntos um filme e depois conversarem sobre os insights e we-sights que tiveram? O número de opções é praticamente infinito! Inclusive é bem legal que cada pessoa do seu time possa promover algo novo, assim cria-se inclusive uma curiosidade sobre o que será que “fulano” vai propor?
Estes dois pontos que compartilhei, o espaço para introspecção e incorporar experiências diferentes no dia a dia, podem fazer uma grande diferença na vida das pessoas e consequentemente das empresas. São práticas que podem ser feitas individualmente ou em grupo, sendo que em grupo tem mais uma vantagem: aproximar as pessoas, já que elas compartilham experiências e assim aprendem e se divertem juntas! Acredito que as empresas, são espaços que podem dar vazão à necessidade de todo ser humano de ser feliz e realizar algo com significado e para isto, podem e devem estimular práticas como estas.
Existem muitas outras formas para se criar uma empresa viva e vibrante, mas melhor que ler sobre muitas é experimentar pelo menos uma ou duas, então vou parar por aqui! Que tal você fazer uma experiência nesta semana? Convide seu time para participar e não vai demorar muito para você se surpreender com a transformação que estas poucas intervenções podem gerar!
Alessandra Almeida é sócia consultora da Corall e escrevem para o blog Gestão Fora da Caixa da Exame.