Espiritualidade. Essa foi a palavra que ficou no centro do mapeamento que fizemos há alguns anos sobre as semelhanças e complementaridades dos sócios da Corall.
Espiritualidade pode ser interpretada de diversas maneiras e, em muitas organizações, se tornou um tema tabu. Um ponto importante na nossa perspectiva é não confundir espiritualidade com religiosidade. Na Corall, temos sócios de diversas crenças como catolicismo, judaísmo, espiritismo, budismo, taoísmo, entre outros. A sabedoria de cada tradição é muito bem-vinda.
Um conceito associado à inteligência espiritual ao qual me conecto muito é a capacidade de se deslocar da valorização do ego na direção de espaços e dimensões mais amplos. Nesse processo evolutivo, a atenção vai do indivíduo em direção a familiares e amigos, comunidade, nação, mundo, planeta, cosmos. Tornamo-nos mais conscientes e atuamos para equilibrar necessidades do “outro”, em esferas mais abrangentes.
Estou cada vez mais convencido de que a nossa aparente separação de tudo o que existe além do nosso corpo físico é simplesmente uma construção mental.
Duas experiências me marcaram profundamente e me fizeram acreditar que tudo está conectado.
A primeira refere-se ao relato da neurocientista Jill Taylor em seu livro “A cientista que curou seu próprio cérebro”. Durante o processo de derrame cerebral, com o hemisfério esquerdo comprometido e sendo controlada somente pelo hemisfério direito, ela passou a perceber tudo ao seu redor como uma continuidade de si mesma.
A segunda experiência foi um documentário que mostrava uma foto do espaço capturada pelo telescópio espacial Chandra, que utiliza raios X. Na foto, vemos como existe uma rede de conexão entre galáxias, invisível aos nossos olhos. Imediatamente, imaginei a imensa rede de conexões que nos conecta a tudo e a todos, refletindo sobre os limites do “eu” e do “outro”.
Acredito que uma etapa fundamental da jornada espiritual é reconhecer e, acima de tudo, sentir que estamos todos conectados, seres vivos e “não vivos”, que fazemos parte desse todo.
A jornada espiritual é um movimento de empatizar, de se colocar no lugar do outro, de genuína inclusão.
Apesar de acreditar, só consegui sentir essa conexão em raríssimos momentos da minha vida. Mas penso que essa é a nossa verdadeira jornada espiritual, individual e coletiva.
Incorporar a espiritualidade no ambiente corporativo é uma jornada contínua de autodescoberta e evolução coletiva. Quando organizações se movem além do ego e se conectam com um propósito maior, todos se beneficiam – funcionários, comunidade e o próprio planeta.
A espiritualidade nos negócios não é sobre dogmas ou rituais, mas sobre criar um espaço onde o propósito, a conexão e a compaixão possam prosperar. Ao fazer isso, as empresas não só melhoram seus resultados, mas também contribuem para um mundo mais equilibrado e harmonioso.