“FIQUEI AQUI PENSANDO…”
Por Guilherme Pereira
Em um post deste blog, a Viviane Mansi fala sobre o resgate do diálogo e a capacidade de reconectar as pessoas como uma forma de desenvolver empresas mais humanas e produtivas. E fiquei aqui pensando…
Na semana de 29 de setembro, no Idea Festival, que aconteceu em Louisville, Kentucky (USA), o jornalista Clive Thompson falou sobre como as tecnologias estão conseguindo empoderar pessoas. É uma visão que se aproxima de certa forma de Ray Kurzweil (Singularity University) e seu conceito de singularidade, mas que trouxe exemplos do dia-a-dia para a mesa.
Durante a palestra, ele explorou como as tecnologias mais atuais estão ajudando a mudar a nossa forma de pensar, com foco em quatro grandes grupos de impacto: “public thinking, ambient awareness, new literacies and collaborative thought”. De fato a hiperconexão é uma realidade cada vez mais próxima do nosso dia-a-dia e pode, ao mesmo tempo, nos ajudar e atrapalhar. Priorizar informações, escolher fontes, otimizar nosso tempo de leitura e pensamento é algo cada vez mais frequente.
Na atividade de consultoria temos discutido a complexidade de se fazer leituras de futuro e construir cenários em um mundo com esses elementos de mudança, especialmente quando já é difícil entender o presente. Temos que fazer uso de leituras de sociólogos, antropólogos e às vezes de pessoas na margem dos sistemas para tentar traçar uma sombra da realidade que se quer entender.
Entretanto, tenho observado em vários tipos de empresas que atendemos que as pessoas relatam ter pouco tempo de qualidade para pensar mais livremente e tentar inovar. Em muitas de minhas intervenções em empresas, sejam grandes ou pequenas, tenho ouvido “faz muito tempo que não paramos para pensar”.
Há um contraste importante entre estas tecnologias que nos possibilitam explorar o novo e aumentar nossos horizontes de pensamento e o que o dia-a-dia nos direciona. Zygmunt Bauman, famoso sociólogo polonês, em seu livro “Modernidade Líquida”, discute um dos aspectos deste contraste: “vivemos em um mundo líquido com organizações sólidas”.
Empresas e organizações que conseguem se conectar, usar tecnologias empoderadoras e acessar os desejos das pessoas para construir seus modelos de negócio também conseguem se diferenciar no mercado e inovar. Mas para isso, mudar a forma de como fazemos e pensamos negócios é algo que necessita de mais tempo de qualidade em nossas agendas.
E fiquei aqui pensando…
Guilherme Pereira é sócio-diretor da Inventta