A forma que pensamos, nos relacionamos, aprendemos e nos organizamos em uma companhia cria, ou nos afasta, de uma frequência criativa. Quando as pessoas sentem que a empresa tem um propósito ousado, que suas ideias são bem-vindas, que há um ambiente de colaboração e confiança e que se pode experimentar (e até errar), elas se arriscam a contribuir e a construir o diferente juntas. É como se houvesse uma energia especial no ar, uma frequência que favorece a inovação.
Em nossas pesquisas, encontramos 7 princípios que as organizações utilizam para promover e sustentar a frequência da inovação:
Na semana retrasada, fui encontrar meu primo Roberto Lublinerman que trabalha na matriz do Google em Mountain View, nos Estados Unidos, e observei alguns destes princípios aplicados:
- A missão do Google é “organizar a informação do mundo e torná-la universalmente acessível e útil” (um atrator inspiracional).
- O Roberto me contou que trabalha num time de 6 pessoas focado em desenvolver novas plataformas tecnológicas que servirão como base para os produtos do Google. Eles têm liberdade de propor os projetos nos quais querem trabalhar, mas precisam encontrar um cliente interno interessado no produto ou serviço que vão criar (mercados internos).
- O time é composto por especialistas que se complementam (diferentes ideias e perspectivas) e tem total autonomia e flexibilidade para se organizar para entregar o prometido, com baixíssimo grau de controle (Colaboração e confiança).
É incrível ver o grau de transparência, confiança e abertura que existe lá: todas as quintas-feiras, os fundadores fazem um town-hall para todos os funcionários onde compartilham informações sobre a empresa e seus mercados. Há um grande fluxo de pessoas e disponibilidade de serviços gratuitos no próprio Campus: bicicletas espalhadas para ir de um prédio a outro, comida à vontade, espaços de esporte e de diversão, tudo sem nenhum controle ou hierarquia. Não é de se surpreender que o Google é a 2ª empresa mais valiosa do mundo hoje!
A inovação é tão crítica para o Google que eles atualizaram em 2013 sua lista de 9 princípios da inovação. Um bastante interessante é “o padrão é aberto”. Kallayil, o VP de evangelização, comentou: “Há sete bilhões de pessoas (no mundo) … as pessoas mais inteligentes estarão sempre fora do Google. Por padrão aberto, estamos aproveitando a criatividade fora do Google.” E isto foi fundamental para a criação de um ecossistema de aplicativos para o sistema operacional Android. (Abertura ao ecossistema)
Em 2010, o Google criou uma nova empresa, o Google X Lab, que tem o objetivo de fazer grandes avanços tecnológicos. O cientista e empresário Astro Teller, que orienta as atividades do laboratório, diz que eles têm por objetivo melhorar tecnologias e desenvolver “soluções que parecem de ficção científica”. Alguns exemplos são o carro autodirigido, os balões que democratizam o acesso à internet, ou a busca de energias limpas. Ou seja, dar boas-vindas ao desconhecido e aprender fazendo. Há inclusive um TED onde Astro fala sobre o benefício inesperado de celebrar falhas (http://www.ted.com/talks/astro_teller_the_unexpected_benefit_of_celebrating_failure) :
Muitos vão dizer que sua empresa não é o Google. Mas nem precisa ser. A pergunta é: “o que você pode fazer hoje a partir desses 7 princípios para trazer mais inovação para o seu trabalho, para a sua área ou para a instituição à qual você se dedica? ”
Desenhe a sua organização para ser mais inovadora, sintonize-a nessa frequência e libere o potencial humano que já está disponível. E de quebra, divirta-se e seja feliz!
Mauricio Goldstein e José Luiz Weiss são sócios consultores da Corall e escrevem para o blog Gestão Fora da Caixa da Exame.