Marcelo Cesana, CEO da Frooty Brasil, foi tenista profissional por 10 anos e há 25 anos se tornou empreendedor e dono da Frooty.
P: O que é a Frooty hoje, que caminho foi esse e que lugar é esse que nós estamos?
Nós estamos no restaurante da Frooty. O único no Brasil, montado em 2008.
E Frooty é uma fabrica de açaí, traz a matéria-prima do norte do Brasil. Trazemos a polpa vem para o sudeste, transformamos num creme e vazamos em potinhos e baldes para fornecer para bares, restaurantes e supermercados.
P: Você já tem 25 anos de empresa. Você comentou que abriu para ajudar a pagar o aluguel. O que mudou de la pra cá?
A unica coisa que mudou foram os números. Eu sinto que o que eu faço é a mesma coisa que eu fazia há 20 anos atras. Que é acordar todo o dia atender os clientes, fazer o melhor e produzir. Eu brinco que estamos em obras há 25 anos. A fabrica nunca ficou pronta. Estamos na quarta fabrica.
Estamos sempre melhorando, vendo um canal novo, uma região para introduzir o produto. É um trabalho de formiguinha que nunca acaba.
P: Você falou que o sentimento é o mesmo há 25 anos, que sentimento é esse?
Primeiro de realização! Na hora que eu olho a retrospectiva, ver onde eu estava e onde estou agora, tenho um orgulho muito grande. Ver os números, milhões de quilos sendo vendidos, a quantidade de pessoas que a gente emprega. Ver a quantidade de famílias que vivem da Frooty, me dá uma alegria imensa, uma admiração por ajudar a construir essa historia.
P: Eu sei que o começo foi no susto, tentando achar caminhos, as pessoas nem imaginam como essa história começou. Você não quer contar pra gente?
Eu nunca planejei construir a Frooty Açaí. Eu caí sem querer nesse negócio. O inicio deu errado, deu muito errado. E na ânsia de tentar salvar, fui vendo alternativas e acabei conhecendo o açaí, onde estava começando o consumo em São Paulo. Eu abri a categoria sem querer querendo.
Entretanto as lojas não se sustentaram e os 3 primeiros anos foi tentando ser uma empresa de iogurte.
Mas fomos quebrando gradualmente, o negocio não ia pra frente. E então começamos a vender sorvete tradicional e assim eu cheguei ao breakeven da fabrica. Vendia sorvete para restaurantes e cozinhas industriais e depois de 3 anos eu consegui equilibrar as finanças da fábrica.
E a partir disso o açaí apareceu na minha vida de 98 para 99 e como eu ja tinha a estrutura da fabrica de sorvete, eu resolvi fazer um potinho e ir nos supermercados para vender açaí pra quem quisesse levar pra casa ou comer na hora. Criei também o balde de 3,5 kg para lanchonetes e outros bares que queriam vender o açaí mas não sabiam onde comprar. Desde então fomos expandindo a nossa área de atuação. Atualmente nós temos distribuidores em todo território nacional, com exceção do norte. E temos também distribuidores em 14 países.
P: Você disse que esse começo não deu certo, como foi viver esse período?
Foi bem complicado. Porque eu era um garoto, nunca tinha sido funcionário de uma outra empresa, nunca tinha tido outro negócio, eu já comecei a minha carreira sendo empreendedor e eu costumo falar que, o que salvou a Frooty, o que me salvou, foram os meus 10 anos de esporte competitivo, de tenista.
Desde os 7 anos de idade eu jogava campeonatos e eu fui criando experiência, disciplina, superação, persistência, porque uma quadra de tênis não tem empate. Minha adolescência foi massageada com derrotas. Quando eu tinha 20 anos, ser derrotado pela empresa era normal.
Deste modo, um dia eu abria um cliente, no outro não dava certo, mas nunca pensei em parar. Sempre mirei que eu precisava me sustentar daquilo la e até que o negocio foi dando certo.
P: No começo do caminho com o esporte, você era muito próximo do Guga, e um tempo atras a Frooty patrocinou o Guga. Como foi essa experiencia pra você?
Interessante porque eu vou morrer com a dúvida como teria sido a minha carreira se eu continuasse no Tênis. O Guga é um ano mais novo que eu, a gente jogava 1 ano sim, 1 ano não. A gente viajou algumas vezes para jogar fora.
Em suma eu lido de duas maneiras, a primeira é que o tênis me trouxe muito aprendizado, muita felicidade, com 18 anos eu já tinha viajado o Brasil inteiro e para muitos lugares do mundo.O esporte me deu essa competitividade, essa disciplina, me permitiu ter uma adolescência saudável nas quadras.
Com toda certeza eu estou feliz com as duas carreiras que tive na vida.
P: 25 anos de história, em 25 anos muita coisa muda. O que você observa que mudou na maneira de trabalhar, na maneira de como vocês fazem as coisas. O que funcionava antes e agora não funciona mais?
Tem bastante mudança entre a Frooty de hoje e a Frooty de antigamente. Em 2014 a gente vendeu uma parte da empresa para um fundo de investimento e obviamente que quando você tem um fundo de investimento, e a empresa cresce, ela burocratiza e tem as dores do crescimento. As minhas 3 primeiras fábricas eu ia lá e conhecia todo mundo, participava de alguma maneira na contratação, na demissão, quem ia fazer o que e etc.
Por outro lado, eu vou visitar as minha fabricas de hoje e não conheço ninguém. Honestamente isso é bem difícil, porque durante toda minha vida eu conheci todos os funcionários e hoje muitas vezes eu não conheço. Sempre entra uma pessoa nova e eu não sei quem é, o que ela fazia e etc. Essa é a mudança que eu vejo desses novos tempos.
P: E como é a tua relação com a espiritualidade, com um mundo mais subjetivo, de fé. Isso é importante no teu dia-dia na empresa?
Eu sou uma pessoa que acredita muito no trabalho, na disciplina, no acordar cedo, na dedicação, de olhar na vírgula, de fazer… eu sou muito mais da fé de que quem cedo madruga, Deus ajuda.
Eu tenho minha energia de dentro mesmo, é o que me dá força para acordar todo dia de manhã, trabalhar e tentar fazer o melhor e respeitar todo mundo. Meu relacionamento é bom com concorrente, comprador, com cliente, com os funcionários. É desta forma que eu lido no dia dia.
P: E hoje frente ao tamanho que tudo isso se tornou, você se vê como um líder? E o que é a liderança para você?
O líder é aquela pessoa que inspira, e que se faz ser respeitado.