A primeira reflexão que Gareth nos traz tem a ver com modelos mentais. Qualquer teoria, imagem ou metáfora que temos a respeito de algo é somente uma perspectiva para nos ajudar a entender a realidade. Ela nos ajuda enquanto funcionar para você e para os outros. Mas, a partir do momento que se torna disfuncional, o sistema entra em crise e gera um chamado de desapego desta imagem e a exploração de novas possibilidades. Talvez seja essa a grande descoberta da obra de Gareth: desenvolver a capacidade de desapego dos nossos modelos mentais e explorar outras formas e perspectivas para entendimento e ação nestes tempos instáveis, ambíguos e paradoxais.
Gareth também nos ajuda a explorar outros modelos mentais quando descreve oito metáforas de como vemos e vivemos uma organização: a organização como máquina, a organização como um organismo vivo, a organização como um cérebro, a organização como uma cultura, a organização como um sistema político, a organização como uma prisão psíquica, a organização como fluxo e transformação e a organização como um instrumento de dominação.
Talvez a simples nominação de cada metáfora já tenha despertado algumas identificações, curiosidades e estranhezas e somente isso já tenha aberto suas perspectivas sobre o mundo organizacional em que você vive. Resumi essas metáforas no quadro abaixo, mas gostaria de fazer uma sugestão: só veja a tabela após o final da leitura do texto!
O meu segundo momento de descoberta foi quando percebi que todas essas metáforas convivem ao mesmo tempo no nosso dia a dia, em minha rede de pensamentos ou nas outras pessoas que estão presentes na mesma situação. E, dependendo da metáfora que estou usando para descrever a realidade em que vivo, isso impacta meu bem-estar, minhas decisões e ações, além de também impactar o destino da organização e de suas partes interessadas.

Então, para mim, o mapa para navegar nestes tempos turbulentos é reconhecer a cada momento que metáfora eu estou utilizando para ler determinadas situações e explorar se outras me ajudariam mais ou menos e, assim, conseguir fazer escolhas diferentes, talvez melhor informadas e mais coerentes com seu propósito — meu e da própria organização-. E, se fazemos esse exercício coletivamente, melhor ainda serão as resoluções.
Estou curioso para saber que outras metáforas existem por aí! Você tem uma diferente?
Vicente Gomes é sócio consultor da Corall e escreve para o blog Gestão Fora da Caixa da Exame.