Hoje quero compartilhar um pouco sobre o poder das narrativas, mas não pra falar de fake news, manipulação e condicionamento. Para falar do potencial criador e transformador das narrativas, a responsabilidade que temos por isso e como as organizações tem feito escolhas estratégicas sem a devida consciência sobre a narrativa que criam e seus impactos.
Uma reflexão: quais histórias você tem compartilhado consistentemente nos últimos tempos? O que elas revelam sobre suas crenças e significados? Que realidades potenciais elas têm concretizado?
Cada narrativa contém a semente de uma realidade alternativa, um potencial inexplorado. Narrativas não são meras histórias; elas são os fios que tecem a tapeçaria de nossa realidade, moldando a maneira como vemos o mundo e influenciando nossas ações e percepções.
“O homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e sua análise; portanto não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa à procura de significados” (Geertz)
As histórias que constantemente reafirmamos sobre nós mesmos e sobre o mundo à nossa volta têm um poder transformador. Elas não apenas refletem nossa realidade, mas também a constroem. Nossas narrativas são esses fios de significado.
Em um mundo onde as histórias podem se tornar profecias autorrealizáveis, é crucial reconhecer e utilizar esse poder de forma consciente. Quando nos conscientizamos do papel das narrativas em nossas vidas, temos a oportunidade de não apenas reinterpretar o passado, mas de co-criar o futuro.
Isso tem total conexão com as organizações e seus ciclos estratégicos. Quando uma organização escolhe um caminho estratégico, ele carrega consigo uma narrativa sobre quais lentes foram escolhidas para interpretar a realidade, qual identidade a organização escolheu assumir para sobreviver e prosperar nessa realidade e quais dos caminhos potenciais disponíveis ela escolheu concretizar. E, na grande maioria das vezes, as escolhas estratégicas não são feitas com a devida consciência e responsabilidade.
Já pensou em como estratégia é uma narrativa que cria um futuro e como, nós, lideranças, muitas vezes fazemos esse movimento sem a menor consciência e responsabilidade? Como estamos extremamente focados nos números ou em como vencer (eliminar) o concorrente e nada mais? O que essa narrativa tem revelado sobre nós? Que mundo acabamos criando ao sustentar essa narrativa?
Liderança é a arte de lidar com as narrativas.
O que acham disso?