Passamos a usar máscaras que representam nossa leitura do que é melhor para cada situação e contexto. Em casa uma pessoa, no trabalho outra, com os amigos outra e assim por diante. Mas o efeito colateral que poucos se dão conta é que todo este esforço sufoca nossa essência, deixamos de expressar nossas qualidades únicas e valiosas no mundo! Este sufocamento cobra um preço, muitas vezes expressos em doenças físicas ou mentais. Fadiga crônica, ansiedade, gastrite, depressão, etc; a lista pode ser imensa.
Este é o ponto em que muitas pessoas buscam válvulas de escape, nos remédios, nas drogas, ou até mesmo aproveitando ocasiões especiais como festas para se soltar. A própria sociedade estabelece estas datas como ocasiões em que o “correto” é se soltar como no ano novo ou carnaval. É como se o inconsciente coletivo soubesse que precisamos criar espaço para algo ser expresso. Só que tipicamente o dia seguinte é recheado de pensamentos como: “tomara que ninguém tenha visto”, ou “o que foi que eu fiz…”. Pois tudo que reprimimos, quando sai, sai meio torto, rsrsrs.
Mas não precisa ser assim, não é mesmo? Afinal…
A sua essência pode ser esquisita para os padrões sociais, mas ela também é linda como tudo que é autêntico!
Cultivar a nossa essência com sensibilidade me parece a chave para a real felicidade. Quando crianças, nossa essência se manifesta de forma natural, basta olharmos para uma criança de 2 anos brincando e podemos testemunhar um ser pleno, à vontade consigo mesmo e curioso e interessado em tudo a sua volta, não é mesmo? O que está criança vai desenvolvendo é sua percepção do mundo e do outro, afinando sua sensibilidade com empatia e amorosidade. Também já vimos cenas de crianças brincando juntas e de repente uma morde a outra que pegou seu brinquedo. Neste ponto, os pais e professores podem sim ajudar a criança a expandir sua sensibilidade para o outro e trata-lo como também gostaria de ser tratado.
Mas e agora, já adultos, será que tem jeito? Será que conseguimos nos reconectar com nossa essência, ou é tarde demais? Acredito que este é o caminho mais natural, inclusive se observarmos os mais velhos, vamos notar como eles “já se dão ao direito de falar o que pensam e fazer o que querem”. Mas não precisamos passar toda a vida adulta usando máscaras, podemos resgatar nossa essência a qualquer momento, basta coragem!
Primeiro, precisamos coragem para reconhecer nossa própria esquisitice e como ela permaneceu muito tempo escondida, é importante tratá-la com carinho e cuidado. Ela é linda, mas assim como a criança que precisou desenvolver a sensibilidade para não morder o amiguinho, precisamos também dar este tempo e dedicar este cuidado para nossa esquisitice.
Quando reconhecemos algo da nossa essência, que prefiro chamar de esquisitice pois acho mais divertido e interessante, podemos abrir um espaço para ela nos conectando com os seguintes pensamentos e sentimentos: “Eu reconheço você. Você faz parte de mim. Tenho certeza que você faz sentido e estou muito curiosa(o) para saber o que você quer manifestar”.
Com esta coragem e este convite sincero, você vai logo notar que algo diferente acontece com você. Talvez você se dê conta que gosta de fazer coisas que não tem feito e não gosta de outras coisas que tem dedicado muito tempo. Talvez você perceba que seu corpo está cansado ou que você se sente muito bem em determinadas situações e não em outras.
Algumas destas descobertas podem te surpreender, até mesmo causar estranheza, isto é sinal de que você está no caminho certo! Vá em frente, este é um novo território para você, mas incrivelmente você vai se sentir em casa!
Como consequência, é bem provável que algumas pessoas vão se afastar pois agora você faz parte do grupo das pessoas perigosas, que fogem do padrão e são incrivelmente felizes! Desejo que em 2017 muitas das suas esquisitices saiam do armário e povoem o mundo! Estamos precisando muito de mais gente assim!
Alessandra Almeida, é sócia consultora da Corall e escreve para o blog Gestão Fora da Caixa da Exame.