O fim do capitalismo tradicional está chegando e sendo substituído pela Nova economia, um modelo que procura tornar todos os processos de dentro das organizações mais verdes, pois como já é do saber de todos, esse modelo degrada cada dia mais o meio ambiente sem pensar no amanhã.
O PIB mundial nunca foi tão elevado quanto no atual momento na evolução humana, devendo superar os 70 trilhões de dólares americanos em 2013. O modelo capitalista que gerou esse resultado impressionante responde por boa parcela da qualidade de vida de que desfrutamos hoje. Embora tenha produzido avanços enormes, começa, no entanto, a colocar em risco a subsistência do planeta, como mostra o quadro amplamente divulgado pela revista New Scientist:
Nunca antes espécies desapareceram da face da Terra tão rapidamente; nunca a emissão de gases nocivos à saúde humana foi tão assombrosa. Esse fenômeno é tão inequívoco, especialmente para as novas gerações, que a Organização das Nações Unidas convocou uma Assembleia Geral em 13 de julho de 2011 para buscar indicadores mais abrangentes de desenvolvimento, agregando a eles o impacto das ações humanas sobre o planeta e o bem-estar das pessoas.
Em comum, todos esses indicadores incluem, porém extrapolam, a mera dimensão capitalista do desenvolvimento. Espalham-se por quatro grandes domínios:
Domínio econômico: busca capturar a forma como usamos os recursos de forma eficiente e sustentável;
Domínio ecológico: avalia a resiliência do meio ambiente e da natureza para dar suporte à vida no planeta, valorizando a redução do consumo de recursos ambientais em relação ao que a natureza regenera por si só;
Domínio social: pretende mensurar a conectividade entre as pessoas e as contribuições para que evoluam como seres humanos por meio do uso da liberdade, da oferta de oportunidades e de espaço para que expressem seus talentos naturais, inclusive artísticos;
Domínio espiritual: incorpora informações sobre como o homem responde a perguntas reflexivas mais profundas sobre a existência humana, como, por exemplo, sobre o sentido da vida.
Em seu livro O segredo das empresas mais queridas (editora Artmed) lançado em 2007 nos Estados Unidos, o consultor indiano Raj Sisodia começou sua busca perguntando a milhares de pessoas pelo mundo, incluindo profissionais e executivos de empresas, consumidores, donas de casa, estudantes de MBA e professores de marketing, quais as empresas que elas realmente amavam; não se tratava apenas de gostar — era necessário admirar. Nessa primeira lista, não importava por quê, somente se eram amadas. As centenas de companhias que emergiram da pesquisa foram então analisadas detalhadamente sob a ótica de suas relações com acionistas, colaboradores, parceiros, sociedade e clientes. Também foram investigadas questões filosóficas e humanísticas, tais como “As pessoas acham que o mundo está melhor pela existência dessa empresas?” ou “Essa empresa tem registro de violações ambientais?” As 60 mais promissoras foram visitadas e entrevistadas por times de estudantes de MBA, que coletaram perspectivas de todos as partes interessadas. A essa coleta de informação seguiu-se nova análise de dados, que chegou a uma lista ilustrativa de 30 empresas qualificadas como FoE, sigla para firms of endearment, expressão que deu o título à edição em língua inglesa. Somente depois disso fez-se uma avaliação econômico-financeira das empresas, comparando-as às companhias avaliadas pela consultoria Standard & Poor’s e às catalogadas em outro best-seller de gestão empresarial, o hoje clássico Good do Great– Empresas feitas para vencer (editora Campus Elsevier, 2001), do também consultor Jim Collins — este sobre empresas que deram o pulo do gato e transformaram-se de apenas boas em ótimas, do ponto de vista da performance, como por exemplo Circuit City, Fannie Mae, Gillette, Kimberly-Clark, Philip Morris e Walgreens.
A conclusão de Sisodia, amparada por números, é estarrecedora: no período de 15 anos entre 1996 e 2011, enquanto uma empresa listada entre as 500 mais rentáveis da S&P 500 trouxe retorno aos acionistas de 157% na média e as companhias Good to Great bateram na marca dos 177%, as empresas mais amadas ofereceram retorno de 1.643%, um retorno quase dez vezes maior! O amor que estas organizações oferecem é devolvido pelos Stakeholders como superlucro, é o que se conclui.
Os avanços da Biomimética, campo da ciência que estuda os processos da natureza para adaptá-los às diversas áreas do conhecimento, só tende a ganhar terreno no campo industrial, garante a especialista Janine Benyus, autora do livro Biomimética (editora Cultrix, 2003). Por exemplo, engenheiros têm incorporado lições sobre como as árvores e os ossos humanos otimizam sua força para reduzir a utilização de materiais em sistemas de design, tais como o software “Kill Macio Option” de Claus Mattheck, que está revolucionando o desenho industrial. O uso desse programa para projetar carros, por exemplo, resultou em novos modelos tão seguros quanto os carros convencionais, porém até 30% mais leves, gerando economia de matéria-prima e combustíveis. Outro exemplo, desta vez em eficiência energética, é o caso das conchas do mar. A natureza movimenta a água e o ar usando uma espiral crescente logarítmica ou exponencial, como se vê facilmente nas conchas. Esse padrão aparece em toda parte na natureza: nas trombas enroladas de elefantes e nas caudas de camaleões, no padrão de redemoinho das galáxias, nas ondas do mar, na forma do nosso ouvido interno e nos poros de nossa pele. Inspirados pela maneira natural por meio da qual a água e o ar se movem em estruturas com tal formato, a empresa Pax Scientific empregou pela primeira vez esta geometria fundamental em dispositivos rotativos, como ventiladores, batedeiras, hélices, turbinas e bombas. Dependendo da aplicação, os desenhos resultantes reduziram o uso de energia na ordem de 10 a 85% quando comparado aos rotores convencionais, e o ruído caiu em até 75%. Mais exemplos podem ser encontrados em biomimicry.net. O território é vasto e apenas começou a ser desbravado, de forma que, se a companhia considerar o domínio ecológico como uma dimensão de sucesso, as possibilidades são infinitas.
Um estudo publicado em 2008 pelo International Journal of Applied Management Science, do Japão, revelou que as empresas que mais investem em capital humano têm maior probabilidade de alcançar o alto desempenho. Outro estudo, realizado por Cardoza, Bazara, Cooper e Conroy com as 500 empresas top listadas pela consultoria Standard & Poor’s, concluiu que cerca de 80% do valor das empresas dependem dos ativos intangíveis, como marca, rede de parceiros, capacidade de liderança por exemplo. E a cultura é a fonte por excelência desses valores intangíveis. Na prática, é ela a responsável pela produtividade de uma organização. O grau de conexão e confiança entre pessoas, por exemplo, pode determinar a velocidade de tomada de decisões e o tempo e os recursos necessários para tal, impactando diretamente a saúde de um negócio. Em seu livro Walking The Talk (Fazendo o que Fala, em tradução livre), a consultora Carolyn Taylor observa que a cultura tem tudo a ver com as mensagens que circulam numa organização indicando o que é importante, o que as pessoas fazem para pertencer a essa organização, para serem aceitas, reconhecidas e recompensadas (Taylor, 2005).