Uma nova forma de trabalhar — modelo de negócio
Modelo de negócio- Por Mauricio Goldstein
Hoje em dia, cada vez menos os jovens entrantes no mercado de trabalho compartilham as mesmas ideias e ideais de seus pais sobre o que é “ter sucesso na vida”. O fenômeno é mundial, presente nos Estados Unidos, Europa, Japão, Brasil, Argentina, em todos os lugares. Depois de terem crescido testemunhando o esgotamento e a infelicidade dos pais, com intermináveis horas de trabalho pelo modelo de negócio, e com os impactos das corporações, os jovens querem um mundo novo.
Essa nova geração dificilmente irá trabalhar para companhias no qual o modelo de negócio não se comprometam em preservar o meio ambiente. Uma preocupação que, segundo mostram pesquisas de opinião, está presente para apenas 52% da geração anterior, mas mobiliza mais de dois terços dos jovens atuais. Esses recém-chegados ao mercado querem um trabalho e também, claro, ganhar dinheiro, ter poder, projetarem-se para o mundo, mas não da maneira como vinha sendo feito.
Um estudo recente sobre esses jovens levantou as seguintes características que lhes são típicas:
- Sua atitude geral pode ser resumida à frase: “Vamos fazer deste mundo um lugar melhor.”
- Gostam de fazer compras, apreciam os produtos de marca, a família, os amigos, o meio ambiente e a tecnologia.
- Não gostam de desonestidade e estilos de vida desequilibrados.
- Serão leais às empresas em que trabalham, desde que elas lhes proporcionem equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.
- Querem trabalhar em um ambiente que seja alegre e prazeroso. Alegria e prazer, para eles, são componentes naturais do trabalho.
- Quando pensam no trabalho, afirmam: “Meu trabalho irá ajudar a mudar o mundo.”
Se observarmos essa lista, veremos que há nela valores preciosos para a construção de novos modelos de empresas, afinadas com a sustentabilidade e capazes de gerar grande empatia com os demais stakeholders com os quais ela terá de lidar. Eles querem, como foi dito, ambientes de trabalho que ofereçam autonomia, significado, aprendizagem e bem-estar.
A mudança de fundo que se assiste hoje é a uma transformação que obrigará as organizações a fazer seus negócios de uma maneira totalmente diferente da que vinham praticando até agora. As certezas empresariais que persistiam até então estão no final do seu prazo de validade. Há cada vez mais a sensação de que uma boa empresa não é apenas aquela que dá um enorme lucro. Hoje ainda se quer lucro, claro, mas também que as organizações beneficiem seus empregados, clientes, comunidades. E isso muda tudo.
Mauricio Goldstein é sócio e consultor da Corall