Uma rede, não uma revolução — Práticas organizacionais
No processo de expansão da consciência será preciso envolver as pessoas próximas, e não falamos apenas de equipe, mas também de colaboradores, fornecedores, a comunidade, criando uma rede. A simples mudança na forma do diálogo já desencadeará uma transformação na cultura, gerando a necessidade de rever estratégias, estruturas e práticas organizacionais. Não precisará ser uma revolução, uma onda que destrua tudo e obrigue a companhia a começar do zero. Mas será vital que se destine foco e energia para a mudança; o risco de voltar ao status quo é alto e presente.
Por trás desse movimento há um sentimento que vem do coração: coragem. Acreditar que é possível fazer diferente. As empresas do livro O Segredo das Empresas Mais Queridas, é bom lembrar, estruturaram-se para ser “amadas” não em busca de resultado financeiro, mas perseguindo metas ousadas e conectadas à própria verdade e ao bem-estar de seus funcionários, embora talvez não na escala dos negócios de nossa pesquisa — que são, de certa forma, experiências mais de ponta. No entanto, hoje têm um retorno dez vezes superior. Pode-se dizer que o que as empresas da pesquisa fizeram foi corajoso porque se atreveram a caminhar na contramão de todos os conceitos que a ciência de gestão e as consultorias reforçaram nos últimos 20 ou 30 anos. Original e provocativo, o autor americano Daniel Pink, um estudioso das mudanças no ambiente de trabalho nas últimas décadas, tem se debruçado sobre a importância de ampliar o olhar para além do lucro. Assusta-o o fato de a ciência já ter descoberto tanto sobre o comportamento humano, a natureza, as cadeias de produção, os relacionamentos, as motivações do ser humano — achados que poderiam inspirar as empresas a buscar novas práticas — e, no entanto, elas seguirem com processos completamente antiquados e dissonantes. Em seu livro Motivação 3.0, ele faz dois convites aos líderes: que pensem no lucro a serviço de um propósito maior; e criem ambientes nos quais as pessoas tenham autonomia de ação e consigam exercer seus melhores talentos.
Vicente Gomes é sócio e fundador da Corall